Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília - No poder desde 1969, Muammar Khadafi assumiu o governo como líder revolucionário durante a crise do governo Idris I. Em sua gestão, Khadafi nacionalizou a indústria de petróleo e disse liderar o movimento batizado por ele de pan-islamismo – uma espécie de governo religioso sustentado nos diferentes segmentos do islamismo.
Ao longo das mais de quatro décadas de governo, Khadafi também apoiou governos guerrilheiros árabes em países subdesenvolvidos. De costumes excêntricos, o líder ficou conhecido também pelo exotismo das roupas que usava e o hábito de morar em tendas armadas em diferentes locais na Líbia. Porém, em fevereiro deste ano eclodiram manifestações reivindicando sua renúncia.
Leia a seguir os principais momentos da crise líbia:
Fevereiro 2011 - estoura uma série de manifestações contra Khadafi na Líbia, registrando os principais pontos de confronto em Trípoli e Benghazi. Oposição consegue dominar Benghazi, segunda maior cidade da Líbia, e instaurar o chamado Conselho Nacional de Transição – sob poder dos rebeldes.
Marco de 2011 - Khadafi ataca a principal cidade onde se produz petróleo, Brega, e estende o domínio a Zawiyah. Em discurso na emissora estatal de televisão, o líder responsabiliza a oposição pela intervenção estrangeira e ameaça caçar os manifestantes. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) impõe exclusão aérea e inicia bombardeios. O ministro dos Negócios Estrangeiros líbio Moussa Koussa foge para Londres.
Abril de 2011 - Em Brega, a Otan é acusada de bombardear um alvo civil e mata 13 pessoas. Khadafi demite um dos seus principais diplomatas Ali Triki. A Itália, a França e o Catar reconhecem o Conselho Nacional de Transição. A oposição anuncia que parte do petróleo produzido no país está sob seu poder. Os Estados Unidos exigem a saída de Khadafi. Entidades civis avisam que mais de 10 mil pessoas morreram desde fevereiro. Khadafi aparece na emissora estatal passeando por pontos estratégicos de Trípoli.
Maio de 2011 – Depois de várias semanas de ataques a Misrata, Khadafi retira suas forças da cidade por causa dos bombardeamentos. Informações, não confirmadas oficialmente, indicam que civis e combatentes da oposição foram mortos e feridos. O Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Khadafi por denúncias de crimes contra a humanidade.
Junho e Julho de 2011 - Os combatentes da oposição tentam ampliar o controle para além de Misrata, avançando na direção de Trípoli. Emissários oposicionistas avisam que o objetivo é cercar Khadafi e pressioná-lo a deixar o poder, depois de 42 anos no governo. Em julho, o Diário Oficial da União publica decreto da presidenta Dilma Rousseff determinando o cumprimento da Resolução 1.973 pelas autoridades brasileiras. As medidas, aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluem a proibição de voos para o espaço aéreo líbio e o reforço do embargos de venda de armas e do congelamento de ativos financeiros de autoridades líbias ligadas a Khadafi.
Agosto de 2011 - Início do Ramadã – período de jejum e de orações para os muçulmanos. A oposição avança para cidades apontadas como estratégicas: Tiji e Bir al-Ghanam. Os ataques da Otan se intensificam, assim como os embates por terra entre oposição e forças aliadas do governo. A oposição cerca o quartel-general de Khadafi e o pressiona a deixar o poder. Rebeldes capturam Seif Al Islam, um dos fillhos de Khadafi – apontado como seu sucessor – e prometem enviá-lo ao Tribunal Penal Internacional (TPI) no qual deve responder por crimes contra a humanidade cometidos na Líbia. Trípoli e as principais cidades líbias ficam sob poder do Conselho Nacional de Transição (CNT)
Setembro de 2011 - A comunidade internacional, reunida na 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), autoriza a participação do Conselho Nacional de Transição (CNT) nas sessões, e a bandeira da oposição a Khadafi é hasteada. O Brasil é um dos países que apoiam a participação da oposição nas discussões das Nações Unidas. Khadafi está desaparecido, enquanto parte da família dele – a mulher e três filhos – refugia-se no Níger.
Outubro de 2011 - Integrantes do Conselho Nacional de Transição (CNT) e uma emissora de televisão da Líbia confirmam a captura de Khadafi. Inicialmente, a informação é que ele foi capturado e ferido nas duas pernas. Porém, há dados também que ele não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. As informações são desencontradas.
*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa.
Edição: Talita Cavalcante
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