Em apoio às declarações do presidente da CUT, Artur Henrique, economista do Dieese reitera que outros fatores – e não os salários – pressionam a inflação
Por: Leticia Cruz, Rede Brasil Atual
Publicado em 17/05/2011, 12:55
São Paulo – A inflação não pode ser considerada resultado de reajuste salarial em razão da existência de diversos fatores, na opinião da economista da subseção do Dieese na CUT, Patrícia Pelatieri. A afirmação vem em apoio ao artigo do presidente da central, Artur Henrique, publicado no jornal O Globo na última quinta-feira (12). No texto, ele defende que o salário não é o motivo de uma possível inflação e sim o lucro dos oligopólios.
"Neste meio, já começa a mostrar o declínio da inflação mas muito mais pelo impacto do combustível do que de qualquer outra coisa", citou a economista em referência à recente alta da gasolina. "Não existe mágica na economia. Temos uma produção de riqueza no país, que é distribuída entre lucros e trabalho. Se você aumenta muito um dos campos, você tem que diminuir o outro senão não cabe. A questão é que, o que a gente vê a mais, é de que o que aumentou muito foi a margem de lucro e o salário subiu muito pouco", ressaltou.
No artigo, Artur critica a tributação adotada e reitera a necessidade de uma reforma. "O fato de a estrutura tributária ser regressiva, punindo quem ganha menos, também causa inflação, pois os impostos incidem majoritariamente sobre o consumo e são repassados diretamente aos preços", lembrou. Os setores oligopolizados na indústria, por ter menos concorrência, também aumenta as chances de que preços sejam elevados, segundo ele.
Dados de balanço realizado pelo Dieese sobre os componentes da inflação revelam que houve aumento de 3,5% das taxas acumuladas de bens e serviços no Índice do Custo de Vida (ICV) nos primeiros quatro meses de 2011, em conjunto com o consumo das famílias a 60,6% do PIB em 2010, ante 21,2% de gastos do governo. A conclusão da pesquisa é de que não existem causas definidas para inflação. O responsável direto para a alta de preços seria um conjunto de situações como o aquecimento de demanda, tarifas públicas, inflação mundial e oligopólios, afastando a teoria de que os reajustes salariais seriam causas da aceleração da inflação.
Patrícia ressalta ainda que as negociações coletivas buscam somente reivindicar ganhos que já foram consolidados pelas empresas. "Na verdade, quando você discute reajuste salarial, você é está discutindo o passado e não o futuro. Não há indexação de inflação. Está se discutindo o passado que foi, em alguma medida incorporada pelo capital", disse.
Em resposta às repercussões, a CUT organizará mobilizações no segundo semestre, além de atualizar a pauta de reivindicações. "É tempo de ousadia, especialmente para mostrar nossa contrariedade com a ideia de que aumentos reais de salário podem representar uma ameaça ao controle da inflação no Brasil", disse Artur em seu artigo.
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