Por: Virginia Toledo, Rede Brasil Atual
São Paulo – Apenas os empresários do agronegócio, representados pela bancada ruralista no Congresso Nacional, têm interesses efetivos na aplicação da mudança no Código Florestal. A afirmação é de Raul do Valle, advogado do Instituto Socioambiental (ISA), que constata que entidades ligadas a pequenos produtores são contrárias às mudanças.
Um dos argumentos para defender as mudanças no texto é o de que pequenos agricultores que produzem em áreas protegidas estariam sendo os maiores prejudicados com o atual código. Raul do Valle sustenta, citando estudos feitos pelo ISA em estados distintos, que é pequeno o uso efetivo para agricultura de Área de Preservação Permanente (APP), apesar do elevado nível de desmatamento.
"O estudo apontou que na região produtora de água na Região da Cantareira (que abrange os estados de São Paulo e Minas Gerais), as APPs estavam detonadas. Apenas 1% de toda a área protegida produzia-se alguma coisa. Mais da metade das APPs tinha pasto degradado e de baixíssima produtividade", exemplificou Raul do Valle.
Ele lembra que movimentos sociais de agricultores familiares, entre os quais a Via Campesina e Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), afirmam que fecharam questão contra as modificações do Código Florestal.
O ambientalista acredita que o uso de mecanismos para definir créditos e condições de financiamento para quem pratica a agricultura sustentável é o caminho que se deve seguir. "Essa proposta de alteração do Código Florestal Brasileiro significa concentrar o lucro e socializar o prejuízo", critica o professor da Universidade de São Paulo (USP), Sergius Gandolfi.
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