Dom, 07 de Novembro de 2010 17:27 RMS Notícias
A agressão sofrida pela mãe de santo Bernadete Souza Ferreira Santos, 42 anos, que foi jogada num formigueiro por policiais militares em Ilhéus, no Sul do estado, segundo o professor antropólogo Ordep Serra não é um fato isolado de intolerância religiosa na Bahia. Bernadete será recebida na próxima quarta-feira (10), em Salvador, pelo governador Jaques Wagner. Segundo informações, o governador exigiu apuração rigorosa do caso. Bernardete também está sendo acompanhada pela OAB.
“Fiquei horrorizado com a brutalidade que fizeram com ela, mas esse caso não é único. Em pesquisa que estamos desenvolvendo já identificamos pelo menos 62 pessoas de santo que foram ou são vítimas de intolerância religiosa na Bahia. Isso forçou, inclusive, a Secretaria de Segurança Pública criar uma comissão especial para tratar desses casos”, destacou o professor de Antropologia da Universidade Federal da Bahia e membro do terreiro Casa Branca.
Em função das agressões ocorridas dentro do assentamento Dom Helder Câmara, que é uma área federal e não poderia ter ação da polícia militar, a mãe de santo será recebida quarta-feira pelo governador Jaques Wagner. “Espero que o governador possa nos dar uma posição sobre a violência que eu sofri”, disse a ialorixá que alega ter sido jogada num formigueiro quando os policiais perceberam que ela estava manifestada em Oxóssi, orixá do candomblé. “Disseram que era para me jogar no formigueiro para o demônio sair de mim”, lembra.
Na terça-feira, Bernadete participará em Ilhéus de audiência no Ministério Público Federal para tratar sobre a denúncia contra os oito policias militares. Segundo a PM, o tenente coronel Manoel Amâncio Souza Neto preside sindicância sobre o assunto para apurar a materialidade dos fatos. Enquanto não há posição quando à violência, os oito policiais, que não tiveram os nomes revelados, continuam em serviço. A PM informou que a sindicância deve ser concluída até amanhã.
A advogada da mãe de santo, Adalice Gonçalves, que tornou pública a denúncia de tortura, informou que vai mover ação penal e de indenização contra o estado pela agressão praticada contra a ialorixá. Até o final do mês, a ouvidoria nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária realiza reunião para discutir o tema. Com Bahia Noticias e Correio da Bahia.
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