domingo, 24 de abril de 2011

Obras da Copa gera polêmica em Salvador


BRT ou VLT é um debate desfocado, dizem especialistas
15/04/2011

O debate sobre as soluções para a melhoria da mobilidade urbana em Salvador está desfocado. Deveríamos estar preocupados em definir qual o modelo de mobilidade para uma cidade sustentável. A questão é mais complexa do que o debate entre BRT ou VLT. O mais importante não é a tecnologia, mas o sistema de transportes que queremos, como estabelecer uma rede integrada, plural, que utilize diversos modais . A questão não é o projeto, mas o que está por trás dos projetos.

Esta tese foi defendida ontem (dia 14) pelo professor Juan Moreno Delgado (UNEB/UFBA), estudioso de transportes públicos e mobilidade urbana, durante mesa-redonda promovida pelo Observatório da Copa Salvador 2014 (http://www.observatoriosalvador2014.com.br/) e realizada no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFBA. O evento contou também com a participação do arquiteto e professor Armando Branco.

Os especialistas afirmam que, ao contrário do que diz a propaganda otimista de políticos e governantes, estamos perdendo o bonde da Copa 2014 quanto à implantação de estruturas urbanas definitivas na cidade de Salvador. A Copa deixa de ser a “janela de oportunidades” alardeada por uma razão básica: a falência do planejamento urbano de natureza pública faz com que a cidade não tenha projetos consistentes para aproveitar o volume de recursos disponíveis para os investimentos. O planejamento adquiriu caráter privado e está centrado apenas na questão da ampliação do aeroporto, do porto, da rede hoteleira e de um corredor de tráfego entre o aeroporto e a Arena Fonte Nova.

Tanto Juan Delgado quanto Armando Branco explicaram que o modelo de sistema de transportes está umbilicalmente ligada às questões de uso e ocupação do solo. As vias de transporte são decisivas no estímulo e ordenação (ou desorganização) da ocupação do solo urbano. Do modo como está sendo projetado o uso dos investimentos para a Copa, com o foco exclusivo no corredor Aeroporto-Arena Fonte Nova, a tendência é aumentar os problemas com a mobilidade urbana da cidade. “Estamos jogando gasolina no incêndio” resumiu Delgado.

Eles defenderam a implantação de uma rede integrada, plural, que aproveite o potencial dos diversos modais de transporte público – ônibus, trem, metrô, veículos leves sobre trilhos, bicicletas – e o desestímulo ao uso do automóvel. Armando Branco lembrou que Salvador tem atualmente 430 mil automóveis em circulação e que a cada dia 100 novos veículos são adicionados ao tráfego urbano.

Um comentário:

  1. Sugerimos leitura do blog do movimento "Eu quero VLT em Salvador" para melhor compreensão do tema.

    http://vltemsalvador.blogspot.com/

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