Por: Josias de Souza
Michel Temer considera “superado” o atual modelo de funcionamento da aliança de partidos pró governo. “O que tem acontecido não é uma coalizão completa”, constata o vice-presidente da República.
Representante do PMDB na sociedade que tem o PT de Dilma Rousseff como acionista majoritário, Temer avalia que o sistema político atual, por imperfeito, estimula “conflitos” e “disputas”.
Em entrevista ao blog, Temer atribuiu as tensões à presença simultânea de diferentes partidos em várias das 38 pastas que pendem do organograma do governo. “Hoje, muitas vezes, ter a cabeça de um ministério não significa ter o ministério”, disse.
Na opinião de Temer, é preciso que “as coisas fiquem mais claras” para que a coalizão se complete. Acha que os partidos deveriam receber delegação para gerir setores inteiros. “Não é isso o que tem acontecido”, queixa-se.
“Na verdade, há um amálgama dos diversos partidos nos vários ministérios. Daí porque surgem muitas disputas. Esse sistema de coalizão amalgamada é que está superado.” O que fazer?
“Ou se tenta uma coisa mais radical, em que os partidos são responsáveis por certos setores, ou se elimina a participação dos partidos políticos, para que o governo forme uma administração apenas de técnicos.”
Temer vê dificuldades para a adoção desse modelo 100% técnico, livre de interferências partidárias. “Vejo dificuldades, porque a classe política tem, de alguma maneira, como colaborar.” Porém, em meio aos senões, o vice de Dilma defende a adoção de um meio termo.
“A melhor solução”, declara Temer, seria os partidos formularem ideias e indicarem ministros e equipes técnicas. “Se você adota essa fórmula, com a qual estou de pleno acordo, [a legenda] faz a formulação de uma política X ou Y e indica técnicos para implementá-las. Isso seria o ideal.”
Temer informou que discutirá o tema com Dilma. “A imprensa fustiga o governo –esse e os anteriores— porque a fórmula tem sido a de colocar gente da classe política nos ministérios, quando poderia colocar os partidos, mas por meio de técnicos. Quero conversar com ela sobre isso.”
Indagado sobre a aguardada dança de cadeiras da Esplanada, Temer previu: “A reforma será mínima.” Sobre os ministros do PMDB, declarou: “Tenho a impressão de que ficam todos.”
Declarou-se em perfeita sintonia com Dilma: “Chegamos ao final do ano numa relação muito fraternal.” Para 2014, pregou a reedição da parceria PT-PMDB: “A tendência natural é essa.”
Quanto a 2012, disse que a candidatura de Gabriel Chalita é irreversível: “O PMDB renasceu com essa história de uma candidatura em São Paulo.”
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