Alemanha bate o pé e quer CPMF na Zona do Euro
Criação de uma taxa sobre operações financeiras seria saída para crise, mas países ainda discordam sobre adoção da medida
Cláudia Bredarioli e António Sarmento
Num discurso com fortes divergências, mas sob a pressão internacional para a equação do imbróglio econômico europeu, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês,Nicolas Sarkozy, mostraram ontem um otimismo frágil em relação à possibilidade de encontrar uma luz no fim do túnel para as dificuldades da Zona do Euro, especialmente diante da crise na Grécia.
Tanto a Alemanha quanto a França consideram que a criação de um imposto sobre transações financeiras - uma espécie de CPMF-seria a "resposta certa" à situação e informaram que pretendem lutar para que a medida seja adotada em todos os países da União Europeia (UE). Falta, porém, chegarem a um acordo sobre como fazer isso.
"Há anos lutamos por um imposto sobre as transações financeiras e acho que a França tomou uma boa iniciativa, porque temos de agir", disse Angela Merkel, após encontro em Berlim com o presidente francês para debater formas de combater a crise na Europa.
Sarkozy reiterou a determinação em agir sozinho para cobrar este imposto de transações financeiras internacionais, conhecida como taxa Tobin, enquanto a chanceler alemã é partidária de buscar um compromisso em nível europeu. "Minha convicção é que, se não dermos exemplo, não será feito", afirmou o presidente francês.
A chanceler, por sua vez, educadamente reiterou que, da parte alemã, "o objetivo (é) ter uma declaração de intenções dos ministros das Finanças (da União Europeia) para o início de março". A intenção é mais que otimista, se for levada em conta a oposição frontal da Grã-Bretanha, que deseja preservar os interesses do mercado financeiro londrino.
Justamente em razão dessas oposições, o analista Raphael Martello, da Tendências, avalia que estão cada vez mais claras as divergências e, por isso, também mais distante de um acordo.
"Há muitos impasses entre os dois países fortes e isso impede a formulação de uma proposta confiável do ponto de vista do mercado", afirma. "Os agentes aguardam medidas concretas para o curto prazo", completa Luiz Gustavo Pereira, da Um Investimentos.
Merkel anunciou que vai esperar uma tomada de posição dos ministros das Finanças da UE, até março, sobre o novo imposto.
Se não for possível a adoção pelos 27, "o que seria melhor", ele deverá ser aplicado na Zona do Euro, acrescentou.
Merkel e Sarkozy debateram ainda a implementação do novo pacto fiscal definido na Conferência Europeia de dezembro, que inclui sanções automáticas para países que violem os limites do endividamento do déficit orçamentário fixados no tratado de formação da UE.
Os dois mandatários europeus esperam um acordo definitivo na reunião do Conselho Europeu, em 30 de janeiro, sobre a implementação desse pacto fiscal, para que possam ser adotados até 1º de março.
Grécia Ontem, Merkel também afirmou que não será possível pagar a próxima parcela de ajuda à Grécia, caso não haja um consenso imediato sobre o segundo plano de resgate ao país, incluindo a participação dos bancos privados na reestruturação voluntária da dívida.
"Temos de ver progressos na reestruturação da dívida grega.
Do nosso ponto de vista, o segundo pacote de resgate à Grécia deve ser posto em marcha rapidamente", disse a chanceler, após o encontro com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Merkel acrescentou ainda que detectou progressos num "compromisso fiscal" europeu, garantindo também que todos os países vão se manter na Zona do Euro.
Ambos os líderes europeus deixaramclaro que não têm interesse na exclusão da Grécia da Zona do Euro. Com AFP e ABr
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Berlim e Paris consideram também importante que o Fundo de Resgate Europeu tenha instrumentos mais flexíveis para intervir em situações de emergência
Os líderes europeus anunciaram que vão pedir a cooperação do Banco Central Europeu para estudar formas de o fundo comprar papéis da dívida pública dos países do euro no mercado primário
Merkel e Sarkozy também reiteraram a vontade de manter a Grécia na Zona do Euro, tendo como condição que o país realize as reformas prometidas
Brasil Econômico/AC
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