terça-feira, 16 de agosto de 2011
Velório durante homenagem às mulheres mais idosas de Ilhéus
Servidores da saúde fazem velório durante homenagem às mulheres mais idosas
Se a função de um sindicato é sempre dar o tom politizado às ações coletivas de uma categoria, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ilhéus (Sinsepi) foi responsável nesta terça-feira (16) por uma ação politicamente incorreta, em um ato, digamos, no mínimo, equivocado.
Cerca de 300 idosas aguardavam uma homenagem que seria prestada pelo Poder Legislativo às mulheres mais velhas do município, quando foram surpreendidas, por volta das 15h30min, com a entrada de um velório-surpresa, entoando cânticos fúnebres no plenário da Câmara de Vereadores.
Com direito a caixão e coroa de flores, ao invés de homens e mulheres de preto, a vestimenta da maioria dos que acompanhavam o "defunto" era branca. No caixão, não era nenhum morto que buscava a paz naquele lugar. Era a manifestação dos servidores da saúde do município que transferiram o velório que havia acontecido durante toda a manhã no Palácio Paranaguá para as dependências da Câmara.
Eles queriam chamar a atenção para o que consideram "a morte da saúde pública", manifestação justa para quem está sem receber a totalidade do seu salário do mês passado e de há muito desrespeitado pelo governo. Mas o palco escolhido não era bem o mais adequado para a data do manifesto.
No plenário da Câmara, o dia era de homenagem aos idosos. Estavam lá mulheres de 70 a 97 anos e algumas se assustaram com o velório-relâmpago. Outras manifestaram seu desagrado com a atitude dos servidores. Meio sem graça, o presidente do Sinsep, Luiz Machado, tentava justificar o erro, tirando de si toda a responsabilidade pelo inconveniente: "os vereadores não avisam mais quais são os temas da sessão. Termina dando nisso".
De imediato, Machado mandou retirar o caixão com o "corpo" da saúde, que havia sido posicionado no balcão que separa o público dos vereadores. A cena foi constrangedora e alguns idosos, aparentando nervosismo, queriam se retirar do plenário. Equívoco também da portaria da Câmara que não teve a sensibilidade de informar aos servidores o que acontecia mais perto do "céu", no segundo andar do Palácio Teodolino Ferreira, sede do Legislativo.
Desrespeito também de uma Câmara que às 16h15 minutos só havia conseguido reunir cinco dos 13 vereadores. O primeiro a entrar no plenário foi o pescador Reinaldo Oliveira, o Zé Neguinho. Sem saber direito o que acontecia, não se fez de rogado. Se aproximou do caixão, lamentou o destino do "defunto" (que ao que tudo indica não conhecia) e fez um Pai Nosso direcionado ao ente querido que acabava de ir para uma outra dimensão.
Cena patética numa Câmara cada vez mais engraçada. E desgastada.
Crédito: JBO
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário