Por: Anselmo Massad, Rede Brasil Atual
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, comemoraram a queda da percepção de risco pelo mercado em relação à dívida pública brasileira, anunciada nesta quarta (15). Um dos indicadores usados para se avaliar as chances de um credor – público ou privado – deixar de pagar o que deve, chamado de Credit Default Swap (CDS), sugere que o Brasil apresenta menor risco de calote do que os Estados Unidos.
O CDS é negociado por investidores e especuladores do mercado financeiro. É considerado uma espécie de seguro usado como proteção contra o risco de o devedor não ter condições de quitar suas obrigações. Na terça-feira (14), o CDS do Brasil estava em 41,2 pontos-base, enquanto o norte-americano estava em 49,7 pontos.
"Pela primeira vez na história, o risco do Brasil é menor do que o risco dos Estados Unidos", destacou Mantega, em entrevista à imprensa depois de café da manhã com a presidenta Dilma Rousseff e os governadores de estados do Nordeste e do Norte, no Palácio do Planalto.
Na prática, isso significa que, atualmente, quando se faz um seguro sobre a dívida brasileira, paga-se menos do que no caso da dívida norte-americana. Mantega lembrou que existe um volume de mais de US$ 70 trilhões nesse tipo de operação.
O ministro disse ainda que está feliz com a notícia porque ela representa a solidez da economia brasileira e a confiança dos investidores sobre o Brasil. “A presidenta Dilma ficou satisfeita pelo fato de o Brasil ter um risco menor do que os EUA. Isso mostra que estamos praticando um política econômica correta”, disse.
Augustin, em audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, atribuiu o fato a política de manter elevados superávits primários – economia do governo para pagar juros – e de redução gradual da dívida líquida do setor público. "Essa é uma demonstração de que os resultados (da política fiscal brasileira) são reconhecidos pelo mercado. Isso reflete a estratégia de cumprimento de metas fiscais que temos conseguido apresentar e colocar para o país”, afirmou o secretário.
“Ainda que circunstancial, trata-se de algo inédito na história ou mesmo um fato impensável que pudesse ocorrer em algum momento”, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, ao jornalista Guilherme Barros. Segundo ele, o resultado tem relações com as dificuldades enfrentadas pela economia dos EUA e tensões no Congresso do país norte-americano a respeito do teto de endividamento autorizado pela legislação.
Risco-país
Até 2004, o governo brasileiro sofria com as oscilações do chamado risco-Brasil. O índice igualmente a possibilidades de um país deixar de pagar a dívida mas era cotado pela JP Morgan, uma agência de investimentos. Outra diferença entre o risco-país que atormentava a equipe econômica do início do governo Luiz Inácio Lula da Silva e o GDS é que o cálculo da corretora usa como base justamente os títulos da dívida dos Estados Unidos, considerados os papéis de maior liquidez do mundo e de risco de calote zero.
A partir de 2005, embora o índice continue a ser cotado diariamente, sua oscilação perdeu relevância no debate econômico. Aquele ano foi emblemático porque teve a antecipação do pagamento de parcelas que o Brasil devia ao Fundo Monetário Internacional (FMI), indicando que o país estava em um processo de acúmulo de reservas internacionais e tinha "fôlego" para manter compromissos com o mercado financeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário