sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Mulheres líderes reivindicam políticas específicas para as comunidades indígenas

(29/09/2011 - 15:34)

Quais são as políticas mais urgentes para as mulheres indígenas brasileiras? Esta pergunta deu início à roda de conversa proposta pelo boletim Gênero, Raça, Etnia e Pobreza, que reuniu mulheres líderes indígenas, de seis diferentes etnias e regiões brasileiras. O encontro aconteceu, em Brasília, no âmbito das reuniões para a construção do planejamento estratégico da CONAMI (Conselho Nacional de Mulheres Indígenas).

Na ocasião, elas expuseram suas demandas pela garantia do direito à educação, saúde e qualificação profissional para as mulheres indígenas brasileiras. Mirian Terena, do Mato Grosso do Sul; Shirley Pankará, de São Paulo; Celina Baré, do Amazonas; e Eliane Carajá, de Goiás, também salientaram a importância de serem consultadas nos processos de elaboração de políticas públicas para as comunidades indígenas.

Políticas públicas direcionadas – “A convenção 168 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) diz que os povos indígenas e tribais devem ser consultados acerca dos seus direitos. Então esse é o primeiro passo das políticas, é assim que vai dar certo”, disse Mirian Terena, representante do Conselho Nacional da Mulher Indígena. “Se a gente for aceitar a política que já vem pronta para nós, não vai dar certo. Precisamos de políticas relacionadas à saúde, demarcação de terras, além de educação diferenciada e políticas para juventude”, complementou Mirian Terena.
A líder indígena Celina Baré, do Amazonas, avalia que a questão da preservação do meio ambiente também deve ser considerada. “O ser humano hoje morre com a fome por causa da poluição ambiental, da falta de garantia ao direito à terra. Sem meio ambiente saudável ninguém tem educação, ninguém tem saúde, ninguém tem vida”, alertou Celina Baré.

Saúde e atendimento à comunidade - Outra questão levantada pelas mulheres indígenas é em relação ao acesso à saúde das comunidades. Eliana Carajá, de Goiás, disse que é preciso mais ações com foco no atendimento dos homens e mulheres indígenas com diagnóstico positivo de HIV e outras DSTs. “Esses pacientes ficam lá na aldeia e não têm nenhuma assistência”, denunciou Eliana, fundadora da Associação Indígena Ijylyhina do Vale do Araguaia. “É preciso mais apoio para a prevenção das DSTs e AIDS nas comunidades, como a realização de oficinas e a produção de materiais para que os adolescentes e os mais velhos tenham informações sobre como se prevenir e como se cuidar”, detalhou ela.

Qualificação feminina para o mercado de trabalho – Formas de garantir o acesso das mulheres indígenas ao mercado de trabalho também estiveram em pauta durante a roda de conversa. Segundo Mirian Terena, a ONU Mulheres pode contribuir para atingir esse objetivo com ações destinadas para a capacitação e qualificação profissional dessas mulheres.

Violência contra as mulheres indígenas- As líderes indígenas denunciaram casos de violência contra mulheres e meninas nas aldeias. Elas avaliaram que ainda não foram construídas políticas de combate à violência de gênero capazes de atender às questões relacionadas às mulheres indígenas. “Nós estamos buscando [apoio] para criar essa política de enfrentamento da violência contra mulher, contra a criança, contra o adolescente”, destacou Mirian Terena.

Boletim Gênero, Raça e Etnia

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