sexta-feira, 1 de julho de 2011

Principais causas de morte do Brasil demandam mais prevenção

Especialistas defendem ações preventivas para diminuir a incidência de doenças cardiovasculares, renais, diabetes, câncer e a obesidade, que é gatilho para as demais.

Por: Cida de Oliveira, Rede Brasil Atual

São Paulo - As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como problemas cardiovasculares, renais, respiratórios, diabetes e câncer, entre outras, são responsáveis por 72% das mortes registradas no Brasil em 2007.

Os dados constam de um volume intitulado "A saúde dos brasileiros", que a revista britânica The Lancet, especializada em medicina, publicou em maio. Esta é a primeira vez que a saúde pública do país foi abordada de maneira tão aprofundada por um periódico de prestígio internacional.

Maria Inês Schmidt, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é co-autora do capítulo sobre a carga e os desafios impostos pelas doenças crônicas não transmissíveis no país. Ela esteve na quarta-feira (29) em um seminário realizado na Faculdade de Saúde Pública da USP para discutir os dados da publicação.

Segundo ela, as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias estão diminuindo, muito provavelmente pelo combate ao tabagismo e pela ampliação do acesso aos serviços de atenção primária à saúde. "No entanto, a crescente incidência da obesidade, que facilita o aparecimento das outras doenças e leva a sérias complicações, pode compensar negativamente o avanço", disse.

Por isso, são necessárias ações preventivas especialmente em termos de legislação e regulamentação de alimentos industrializados ricos em gorduras e açúcar, hipercalóricos e nada saudáveis, e melhoria na qualidade do acompanhamento aos doentes crônicos -- o que é um grande desafio devido a pressões das transnacionais do setor.

Maria Inês defendeu o fortalecimento do sistema de saúde brasileiro, a expansão e qualificação da Estratégia Saúde da Família, ampliação do acesso a medicamentos custo-efetivos, maior diálogo entre a atenção básica e outros níveis de atendimento, e integração entre programas para doenças crônicas e outras em andamento, como as relativas à saúde da mulher e HIV/AIDS; além do aperfeiçoamento da detecção imediata e tratamento de pessoas com câncer em estágio inicial, com altas chances de cura.

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