Daniel Lima, Pedro Peduzzi e Yara Aquino
Repórteres da Agência Brasil
26/07/2011 - 12h04
Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manifestou hoje (26) preocupação com a situação da economia mundial, principalmente com o impasse em torno da dívida norte-americana. “Estamos passando por um momento delicado”, disse Mantega, durante a 38ª reunião plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), realizada no Palácio do Planalto, na presença da presidenta Dilma Rousseff.
Segundo o ministro, a situação econômica global apresenta-se como se existissem dois mundos. De um lado, os países avançados, com grandes dívidas e déficits expressivos, e, do outro, os emergentes, com taxas de crescimento significativas, acima de 4%.
Mantega disse que esta situação não deverá se alterar nos próximos anos, com os países desenvolvidos mantendo baixas taxas de crescimento. De acordo com o ministro, entre 2012 e 2015, as taxas de crescimento serão insuficientes para atender às necessidades de aquecimento da economia, exceto para os países emergentes. “A estagnação atrapalha os emergentes, mas não a ponto de impedir o crescimento”, ressaltou.
Ele advertiu, porém, que a crise financeira não terminou: apenas mudou a área de abrangência, deixou o setor privado e passou para o setor público, com impacto na dívida dos países. “Não é uma situação simples e deverá se arrastar pelos próximos anos, com consequências para os emergentes.”
Sobre a crise entre o Legislativo e o Executivo dos Estados Unidos, Mantega disse que espera um entendimento até o dia 2 de agosto, quando termina o prazo para elevação do teto da dívida americana, e que torce pela solução do problema. Caso contrário, a situação seria ruim para todas as economias do planeta: “seria uma grande insensatez não conseguir resolver a situação. Confesso minha apreensão pelos rumos que as coisas estão tomando.”
Além do problema dos Estados Unidos, Mantega falou sobre a crise na zona do euro, que considera de difícil solução. Ele disse, porém, que um programa de socorro aos países com problemas, como a Grécia, é “factível”. De acordo com o ministro, mesmo implementando programas e começando a resolver a crise na Grécia e em outros países, o problema vai se arrastar por alguns anos. "Não devemos esperar um recuperação do Continente Europeu pelos próximos anos", afirmou.
O ministro destacou que o Brasil é um dos países mais bem preparados para enfrentar a crise, pois têm fundamentos econômicos sólidos e um forte mercado interno, o que não ocorre em outros países, principalmente nos considerados desenvolvidos.
Mantega ressaltou ainda que não permitirá que a guerra cambial atrapalhe o país. “Não vamos deixar a guerra cambial nos derrotar, nem a guerra comercial.” Segundo o ministro, a economia brasileira já superou o período pós-crise e caminha para o fortalecimento fiscal. “Já são 12 anos que o Brasil tem um resultado primário bastante satisfatório, reduzindo o déficit nominal.”
Edição: Nádia Franco
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