por Sarah Fernandes, da RBA publicado 03/09/2013 13:50, última modificação 03/09/2013 13:54
Possibilidade de boicote ao Mais Médicos, devido a faltas no primeiro dia de trabalho, foi classificada como 'perversa' pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha
Ao todo 3.016 profissionais e 514 municípios se inscreveram na segunda etapa do Mais Médicos
ELZA FIUZA/ABR
São Paulo – Dos 400 médicos cubanos que já chegaram ao Brasil, na primeira etapa do acordo do governo brasileiro com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), 364 (91%) vão atuar em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) nas regiões Norte e Nordeste do país. O dado foi divulgado hoje (3) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
No Nordeste, seis médicos cubanos vão para distritos sanitários indígenas e 201 para municípios. No Norte, 34 vão para comunidades indígenas e 123 para municípios, incluindo Melgaço, no Pará, que tem o mais baixo IDH-M do país. “Só estamos conseguindo preencher o pior IDH-M com médico por conta do convênio que fizemos com o Ministério da Saúde de Cuba”, disse Padilha.
O Pará receberá o maior número de médicos cubanos: 56 que trabalharão em municípios e mais seis em distritos indígenas, totalizando 62 profissionais. Na sequência vêm o Amazonas, com 61 médicos, e a Bahia, com 45. Além disso, o Sudeste vai receber 30 médicos, e o Sul, seis.
Até o final do ano, mais 3.600 médicos cubanos devem chegar ao Brasil, por meio do acordo com a Opas. Eles trabalharão, prioritariamente, em 701 municípios que não foram escolhidos por nenhum médico brasileiro ou estrangeiro no programa Mais Médicos.
Segunda rodada
A segunda etapa de inscrições para o programa, que terminou na última sexta-feira (30), somou 3.016 médicos inscritos, sendo 1.414 com diplomas válidos no Brasil e 1.602 formados no exterior, de 65 nacionalidades diferentes. Na primeira inscrição do programa 18,4 mil médicos se inscreverem.
Ao todo, 514 novos municípios solicitaram médicos ao ministério, em uma demanda de 1.165 profissionais. Os estados que mais encaminharam pedidos foram São Paulo, com 72, e Minas Gerais, com 52.
A expectativa é que os profissionais brasileiros inscritos nessa segunda etapa comecem a se apresentar aos municípios em 1º de outubro. Os estrangeiros deverão desembarcar entre os dias 4 e 6 e se apresentar nos municípios no dia 28.
Ausência
Questionado sobre as muitas ausências dos primeiros médicos brasileiros inscritos no programa, que começariam a ocupar seus postos de trabalho ontem (2), Padilha lembrou que os profissionais têm até o dia 12 para se apresentar e que as desistências se devem ao mercado de trabalho aquecido.
“Isso só revela o drama dos municípios que fazem concursos, mas têm que rodar a lista de aprovados até a quarta ou quinta chamada para conseguir um médico”, disse o ministro. “Reforça o diagnóstico do Ministério da Saúde de que há um número insuficiente de médicos nas regiões pobres do país.”
A possibilidade de boicote da classe médica, que tem realizado uma série de manifestações contra o programa, foi considerada por Padilha como “perversa”. “Se for boicote é de uma perversidade quase imaginável. Se algum profissional homologou só para nenhum outro profissional ocupar a vaga isso é de uma perversidade quase inimaginável”, disse.
O Ministério da Saúde está entrando em contato com secretarias de saúde municipais para verificar se há desistências de médicos. Se elas forem confirmadas até amanhã (4), os municípios já poderão receber profissionais da segunda etapa do programa.
Ele lembrou que se todos os brasileiros inscritos assumirem os cargos, 4 milhões de pessoas passarão a ter acesso a serviços médicos. “Caso as vagas não sejam ocupadas, o Ministério da Saúde fará de tudo para trazer médicos para o Brasil. Vamos dar incentivos para os brasileiros e trazer médicos estrangeiros.”
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