terça-feira, 13 de agosto de 2013

Anômalo

*Elias Reis

Os últimos 200 dias a cidade de Ilhéus vem acumulando situações inéditas no afloramento de iniciativas privadas, movimentos independentes e do terceiro setor. Já no inicio do ano o alvo foram os nobres legisladores que deram vazão as interpretações diversas de descrédito do parlamento. Muitos ataques pessoais, muitos xingamentos, muitas palavras desconfortantes à imagem da família e uma pelega judicial sem precedentes nas comissões temáticas. Teve até sessões especiais em dias de 3ª e 4ª feiras, numa afronta a lei orgânica. Muitas delas sem necessidades, esvaziadas e sem resultado algum. Só zuada!

     Tudo aconteceu na Câmara no período que antecedeu o recesso. Baderneiros tentando tumultuar as sessões ordinárias; doidos e bêbados fazendo algazarra; falta de energia elétrica; falta de água e até metrossexual apalpando os ‘escrotos’ para a plateia. Teve de tudo. Menos ações concretas. Neste primeiro período legislativo podemos ainda ratificar a celebre frase do século XIX, ainda em uso: “Tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Vamos dá mais um crédito ao presidente, Dr.Jó. Aguardamos mudanças e pulso firme a partir deste segundo período.

     No executivo podemos lembrar o excesso de nomeações de apadrinhados; criação de secretarias desnecessárias; reforma administrativa inadequada; nomeações de secretários de Newton Lima que ajudaram a desgraçar a cidade; falta de concurso público para procuradores e eleições diretas nas escolas do munícipio; balancetes que não fecham; Acordo Coletivo de Trabalho que não finda; juventude revoltada com o custo dos transportes coletivos; secretário saindo no murro no meio da rua; paralisações, greves, acampamento, manifestações. Tudo parado sem expectativa nenhuma. É triste a situação do município. Mas, uma coisa é certa. A Lei de Responsabilidade Fiscal existe e precisa ser cumprida.

    Bem, o título é sobre algumas anomalias. E diante de tanta calamidade, quase perco o fio da meada do texto. Na realidade esta matéria visa traduzir entendimentos e interpretações de alguns dos agentes públicos do município papa-caranguejo. Suas Excelências os Senhores Vereadores: Um deles chegou a falar que quando tem poucos vereadores na sessão, é falta de Cloro. Ao mesmo sendo perguntado o que seria a maioria simples no parlamento, disse ser a camada de vereadores mais pobres; Outra figura acompanhando o raciocínio do anterior, afirmava contundentemente que maioria qualificada era a turma que tinha formação superior, como Dr. Roland Lavigne, Dr. Aldemir Almeida, Dr.Jó, Dr. Cosme Araújo e outros que tem o título de ‘doutor’; Outro disse que iria apresentar uma Emenda para alterar o Regimento Interno.  Iria conversar com Jabes Ribeiro para sancionar a emenda urgentemente; Outro está pensando em apresentar uma resolução para a troca da Bíblia que é lida no plenário da Câmara. Alega que a atual bíblia tem livros apócrifos além da conta; Outro parlamentar vai entrar com uma proposição pedindo para retirar as fotografias dos ex-presidentes da Câmara vereadores do plenário; Outro ainda disse a alguns meses que a prefeitura precisa zelar pelos cemitérios da cidade. “Precisamos respeitar aqueles que morrem duas vezes”; Um vereador baixinho invocado admite que não tenha projeto algum. ‘Não sei fazer e pronto. Mas, nos mutirões que faço, sou eu quem compro e ainda subo nos postes para trocar as lâmpadas’.

    Dizem inclusive, que uma semana antes da ex-vereadora Maria de Lourdes assumir o seu primeiro mandato, procurou saber quem era o tesoureiro da Câmara. O porteiro perguntou: Era alguma coisa? Ela respondeu: “É ele que é o costureiro daqui? É que estou precisando que ele faça o meu blazer de posse”. Foi uma gargalhada só na recepção.

    Agora só nos resta sorrir, pois o poço de lágrimas secou. Nosso sistema límbico acaba de entrar em estado de greve.

*Elias Reis, Presidente do Sindicato dos Radialistas de Ilhéus.

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