Renata Giraldi e Carolina Gonçalves
Enviadas especiais da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Sem acordo, o documento final da Conferência das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) deve excluir a
possibilidade de criação de um fundo para a sustentabilidade a partir
de 2013. A exclusão é analisada pelos negociadores como vitória dos
países ricos, liderados pelos Estados Unidos, pelo Canadá, pela
Austrália e pelo Japão, que se opunham à proposta. O rascunho do texto
tem 56 páginas. O documento inicial continha 80 páginas.
Pela proposta em discussão sobre a criação do fundo, defendida pelo
Brasil e por vários países em desenvolvimento, a meta era que as nações
assumissem o compromisso de instituir um mecanismo de financiamento,
começando com US$ 30 bilhões a partir de 2013, até chegar a US$ 100
bilhões em 2018, com o objetivo de garantir instrumentos para o
desenvolvimento sustentável.
No entanto, a proposta não foi adiante porque, liderados pelos
Estados Unidos, pelo Canadá, pela Austrália e pelo Japão, representantes
de várias delegações alegaram que o momento econômico e político atual é
desfavorável ao debate sobre elevação de recursos. O desconforto,
segundo os negociadores, tem diferentes motivações, como os impactos da
crise econômica internacional e as disputas políticas internas – os
Estados Unidos em campanha eleitoral, por exemplo.
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, justificou a
redução de páginas como sendo resultado da “compilação de propostas”
consensuais. O secretário executivo da delegação do Brasil na Rio+20,
embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, acrescentou que foram
retiradas repetições e duplicações.
Porém, negociadores que acompanham os debates reiteraram que o
rascunho, que circula hoje (16) nas salas do Riocentro, local que
concentra as discussões políticas, será menos específico do que o
desejado pelos representantes dos países em desenvolvimento e mais
amplo, como defendiam as delegações dos países ricos.
O segundo capítulo do texto preliminar será dedicado aos
compromissos políticos. Patriota disse que será a reafirmação das metas
fixadas há duas décadas, na Rio92. Segundo ele, neste capítulo estarão
as responsabilidades comuns e diferenciadas. Na prática, essa parte do
texto refere-se ao que países desenvolvidos e em desenvolvimento devem
assumir como objetivos em áreas distintas, inclusive mudanças
climáticas.
Apesar de haver um texto preliminar já pronto, o chanceler disse que
as negociações prosseguirão, pois há várias pendências que ainda
dificultam um acordo geral. De acordo com ele, os negociadores
intensificarão as reuniões até a noite de segunda-feira (18). O
chanceler acrescentou ainda que a expectativa é construir um documento
final próximo de um consenso total antes do dia 19.
Edição: Andréa Quintiere
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