Mariana Jungmann
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Na próxima segunda-feira (18), o Conselho de Ética do Senado
dará seu veredicto sobre o processo de cassação do senador Demóstenes
Torres (sem partido-GO), quando o relatório do senador Humberto Costa
(PT-PE) será lido e votado. A data foi marcada pelo presidente do
conselho, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).
Além de definir o cronograma para a votação do relatório, o presidente
também anunciou que o relator considerou a fase de instrução do processo
encerrada. Segundo ele, Humberto Costa encaminhou ao conselho um
despacho no qual se diz satisfeito com o material probatório apresentado
até o momento e preparado para concluir seu relatório.
“Com o encerramento desse processo de instrução, a defesa já foi
cientificada a apresentar suas alegações finais, cujo prazo se encerra
na próxima sexta-feira [15]. Na segunda já agendei [a apresentação do
relatório], a pedido do próprio relator. Então, marcamos uma reunião
visando a apresentação do relatório, a leitura pelo senador Humberto
Costa e logo em seguida os debates, como também a votação do próprio
relatório”, disse o presidente do conselho.
A defesa do senador Demóstenes Torres questionou, sem sucesso, os
prazos definidos pelo senador Valadares. Para o advogado Antônio Carlos
de Almeida Castro, o Kakay, a defesa deveria ter prazo de dez dias para
apresentar as considerações finais antes que o relatório fosse
apresentado e votado. Além disso, ele questionou o encerramento da fase
de instrução do processo antes da reunião de hoje, quando ainda poderiam
ser aprovados requerimentos. Para ele, as decisões do conselho podem
gerar questionamentos posteriores no Supremo Tribunal Federal.
“Fomos chamados para uma audiência para apresentar requerimento e
surpreendidos porque já havia uma determinação do relator dizendo que já
estava satisfeito e que ele apresentaria o relatório e dava por fim a
instrução. Embora a decisão seja política, todos os procedimentos têm
que ser jurídicos e constitucionais”, alegou Kakay.
Apesar disso, Kakay disse que a verdadeira decisão sobre a cassação de
Demóstenes Torres ocorrerá no plenário do Senado. Por isso a defesa irá
se dedicar ao momento em que o processo chegar ao plenário.
Demóstenes Torres foi representado pelo PSOL no Conselho de Ética por
quebra de decoro parlamentar por causa de suas relações com o empresário
Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O senador foi
flagrado em conversas com o empresário gravadas pela Polícia Federal.
Nos diálogos, o senador e o empresário tratam da votação de projetos
sobre jogos, o que levantou a suspeita de que Demóstenes agisse como
lobista de Cachoeira no Congresso Nacional.
O empresário é acusado de comandar um esquema de jogos ilegais em Goiás
e está preso por isso. Além disso, gravações telefônicas dão a entender
que o senador recebia dinheiro da quadrilha de Carlos Cachoeira.
Demóstenes nega todas as acusações.
Se o relatório for aprovado no Conselho de Ética ele será encaminhado à
Comissão de Constituição e Justiça do Senado para análise jurídica e
depois para o plenário da Casa. A expectativa é que a cassação de
Demóstenes Torres seja finalmente votada pelo Senado até o dia 18 de
julho, quando começa o recesso parlamentar.
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