sábado, 26 de dezembro de 2015

Quem paga o pato são os trabalhadores


Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

O discurso do liberalismo radical exorciza toda e qualquer menção à presença do Estado na economia, nas relações sociais e mesmo no entorno da individualidade. Ao promover a confusão deliberada entre as liberdades do indivíduo e a liberdade de atuação para as forças de oferta e demanda no mercado, tudo fica turvo e abrem-se espaço para as raivas se manifestarem de maneira descontrolada.

A narrativa liberal parte do princípio de que a maior parte das pessoas não acha mesmo muito interessante a ideia de pagar impostos. Assim, deitar falação contra o dito “intervencionismo” fica muito fácil. Afinal, por que pagar a mais por uma mercadoria ou por um serviço que tem seu preço majorado em razão de uma alíquota que vai ser direcionada aos cofres da União, do Estado ou do município? Ou então qual a razão para ter a minha renda ou meu salário reduzido pela incidência de algum tributo que também vai parar nos cofres públicos?

Não quero! Lógico que não! Fora esse Estado, que só vem aqui me tungar e não oferece nada de qualidade em termos de serviços públicos, em troca desse recurso que é meu de direito. Filas imensas na rede pública de saúde? Educação de baixa qualidade nas escolas estaduais ou municipais? Dificuldades de atendimento nas agências da Previdência Social? Denúncias de corrupção nas empresas estatais? Chega! Fora com o Estado! E viva a iniciativa privada!

Liberalismo às avessas

Esse é o caldo de cultura para santificar a lorota a respeito da eficiência intrínseca à atividade empresarial privada, bem como para condenar a incompetência e a roubalheira que os meios de comunicação transformam sempre em característica típica da intervenção estatal na economia. Assim, a derivação lógica é de que o Estado deva ser mínimo, para que o ambiente geral possibilite o florescimento do empreendedorismo mirabolante do capital privado. Maravilha!

No entanto, sabemos que a vida real é muito mais complexa do que esse mundo idealizado, típico de um sonho numa noite de verão. E o nosso capitalismo tupiniquim sempre foi, e continua muito dependente da presença desse Leviatã - demonizado a não poder mais - na economia. Na verdade, esse ente tão detestado na teoria pelos ideólogos do nosso liberalismo mal formado, sempre foi muito solicitado a prestar, de forma generosa, serviços essenciais ao capital.

É o caso típico da oferta de serviços públicos gratuitos e universais, como mecanismo de barateamento do custo de produção e reprodução da força de trabalho. Em bom português: forma de assegurar baixos salários. Basta que lembremos de educação, saúde, habitação, previdência, saneamento e outros bens públicos oferecidos pelo Estado. Ou então de toda a rede de infraestrutura montada pelo poder público ao longo das décadas, concretizada em energia elétrica, rodovias, ferrovias, telecomunicações, portos, aeroportos e outros. História de oferecer estruturas de custos de produção reduzidos para o capital, com a consequente elevação suas margens de lucro.

Impostômetro e sonegômetro

As crises do capitalismo a partir da década de 1980 e o advento do neoliberalismo mudam essa paisagem. O Estado passa ser enxergado como adversário e a reação vem sob a forma da denúncia da suposta “elevada carga tributária”. Os grandes meios de comunicação oferecem todo o espaço necessário à estratégia de parte da liderança empresarial. Privatização, desregulamentação, liberalização transformam-se em panaceia e surge o medidor do “impostômetro”. Em 2005, o então presidente da Associação Comercial de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, lança esse factóide com o intuito de sensibilizar a população em sua cruzada anti Estado. Quis a ironia da História que esse político de origem malufista viesse a fazer parte da base aliada dos governos Lula e Dilma, ocupando o cargo de Ministro da Micro e Pequena Empresa até poucas semanas atrás.

Ora, quem reclama contra os atuais 34% de participação de tributos no nosso PIB só pode estar agindo de má fé ou por ignorância. Essa porcentagem está na média dos demais países da OCDE e não representa nenhuma extravagância em termos de comparação internacional. O ponto central de debate refere-se a que tipo de sociedade desejamos construir. Um país solidário, contando com uma rede de serviços públicos de acesso universal, tal como previsto em nossa Constituição, pressupõe a necessidade de recursos orçamentários para que o Estado possa dar conta de tais tarefas.

O caminho oposto implica a privatização completa das atividades desenvolvidas ainda no âmbito da administração estatal e a transformação dos serviços públicos em simples mercadorias. Sob esse novo modelo, para a maioria da população tudo passaria a ter seus preços, seus contratos e suas condições de acesso. Quem não possuir saldo no cartão de crédito não se matricula na escola, não entra no hospital e não se aposenta pelo INSS. Simples assim.

Mas a hipocrisia desses chupadores de recursos públicos, travestidos de arautos do liberalismo, parece não ter fim. Afinal, é de amplo conhecimento a natureza extremamente regressiva de nossa estrutura tributária. Isso significa dizer que as camadas sociais da base da pirâmide são as que mais recolhem impostos em relação ao seu nível de renda e de patrimônio. Já as grandes corporações do capital e os setores concentrados no topo da escala social são os que menos contribuem sob a forma de obrigações tributárias. Pagam pouco, reclamam muito e sonegam a pleno vapor.

Foi por isso que se criou o movimento de denúncia: o “sonegômetro”. A idéia era fazer o necessário contraponto aos que reclamam sem razão, sempre sob o manto acolhedor das entidades representativas do empresariado. E ali se percebe que o volume total de impostos sonegados, desde o início do ano até o momento em que escrevo esse artigo, é de R$ 506 bilhões. Um volume absurdo, típico de quem se esconde atrás de nossa conhecida impunidade, com a colaboração tão bem remunerada de especialistas em planejamento tributário e com a segurança de que haverá sempre, no futuro, algum novo REFIS. Ou seja, um plano do governo para perdoar esse crime de sonegação e parcelar o valor devido em suaves 180 prestações mensais sem juros.

Quem paga o pato é o povo

Por outro lado, a própria Receita Federal divulgou uma lista com o histórico dos maiores sonegadores do País, que não estão contabilizados nos bilhões acima mencionados. No caso, são dívidas reconhecidas pela União e que se encontram em diversos estágios de cobrança. Os 500 maiores devedores acumulam um valor não pago de R$ 400 bilhões junto ao governo federal. A Vale deve R$ 41 bi, o grupo Parmalat deve R$ 25 bi, a Petrobrás deve R$ 16 bi e por aí vai.

E agora ainda vem o Presidente da Fiesp, Paulo Skaf, com essa estória do seu patinho amarelinho, muito bonitinho, todo charmosinho. Mas ele sabe muito bem a verdade a respeito de sua fábula mentirosa: quem paga realmente o pato da nossa desigualdade e quem arca com os custos do ajuste conservador são os trabalhadores e a maioria da população excluída de nossa terra. As elites, em nosso País, pagam muito pouco imposto e são responsáveis pela enormidade escandalosa da sonegação.

A direção da entidade, cuja sede ocupa um belo edifício na emblemática Avenida Paulista, apenas tenta jogar uma cortina de fumaça em sua estratégia de manter os privilégios obtidos junto a esse mesmo Estado, que tanto diz combater. Os dirigentes da entidade e os representantes do empresariado não medem esforços para manter seus ganhos e seus privilégios, atuando por meio de poderoso “lobby” junto aos corredores do poder.

O pato da Fiesp pressiona contra a extinção do amplo leque de desonerações tributárias a favor do capital. O pato da Fiesp atua pela ampliação da generosa política de crédito subsidiado, por meio da carteira do BNDES a juros reduzidos para as grandes empresas. O pato da Fiesp coordena as ações para obtenção de benefícios públicos de toda a ordem, inclusive rompendo os limites da ética e da legalidade, como foi amplamente denunciado pelas diversas ações da Polícia Federal e do Ministério Público.

A Fiesp berra, chia e bate o bumbo. Mas quem paga o verdadeiro pato é o povo, como sempre.

* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.


'Economia já estará claramente retomando o crescimento em 2016', diz Bresser-Pereira

por Eduardo Maretti, da RBA publicado 24/12/2015 09:44
MARCIA MINILLO/RBA
Bresser-Pereira
Ex-ministro participou de ato na Faculdade de Direito da USP contra impeachment, dia 16 de dezembro
São Paulo – O economista Luiz Carlos Bresser-Pereira não acredita que a crise econômica brasileira se prolongue indefinidamente, nem mesmo que persista em 2016, aposta dos setores que veem nos problemas da economia uma forte oportunidade para enfraquecer o governo Dilma Rousseff. Para ele, a crise deve começar a ser superada no próximo ano, embora o Produto Interno Bruto (PIB) ainda tenha a tendência de ser manter negativo. “Como eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do ano (de 2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, será muito menos que este ano”, diz. “A economia já estará claramente retomando o crescimento, mas (a partir) de quase estagnação.”
Para o ex-ministro da Fazenda em 1987, no governo de José Sarney, porém, os problemas da economia do país não são apenas conjunturais, mas estruturais: “Meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia 4,1% entre 1950 e 1980”.
Segundo a análise de Bresser-Pereira, o Brasil tem dois grandes problemas, que afetam sua capacidade de crescimento e o impedem de desenvolver uma política econômica forte e sustentável no longo prazo: a “alta preferência pelo consumo imediato”, fator do qual decorrem políticas que incentivam o déficit em conta corrente ou o câmbio apreciado “para poder consumir mais”, e a perda da “ideia de nação”.
Por que o sr. tem se manifestado a favor do ajuste fiscal?
Depois do grande erro que a presidente cometeu, que foram as desonerações, que ela pensou que fosse política industrial, e foi um desastre, quando ela viu tamanho da crise, está agora fazendo a política correta. Acho que o novo ministro (da Fazenda) vai fazer a política correta também. A política de ajuste fiscal é correta. Eu sou crítico, por um lado, de quem afirma que o ajuste é a condição sine qua non e a coisa mais importante que é preciso fazer para o país retomar o crescimento. Não é verdade. O mais importante para a retomada do crescimento já foi feito, e foi o ajuste feito pelo mercado da taxa de câmbio. Isso tornou as empresas industriais novamente competitivas, de forma que é questão de mais tempo, menos tempo, para que elas voltem a investir. Quando você tem uma depreciação forte como tivemos, o primeiro reflexo é sempre recessivo, porque as pessoas ficam mais pobres, todas as pessoas ficam um pouco mais pobres. Mas em seguida você torna a indústria mais competitiva, ela começa a investir e produzir, e você tem a retomada do crescimento. Entendo que é isso que vai acontecer na economia brasileira a partir de 2016.
Por outro lado, sou muito crítico daqueles que dizem: a crise da economia brasileira é devido ao ajuste feito pelo governo. Isso é uma bobagem. Primeiro, porque o ajuste foi muito pequeno. E segundo porque as causas da crise são outras. Foram essencialmente a elevação dos preços internacionais do petróleo, o “petrolão” e a perda de confiança no governo. Essas três coisas se somaram, e essa perda de confiança tem um elemento ideológico também.
Roberto Amaral (ex-presidente do PSB) tem defendido a ampliação das forças anti-impeachment, incluindo setores como os liberais e os democratas. O sr. parece discordar de incluir os liberais...
(Risos) Digo “liberais não” no seguinte sentido: é que eu divido os economistas entre os liberais e desenvolvimentistas, do ponto de vista econômico. Do ponto de vista político, divido as pessoas entre democratas, liberais e autoritários. Se houver alguma dúvida, os liberais vão para o autoritário. Democracia para mim é um sistema político que garante razoavelmente duas coisas: os direitos civis, as liberdades, o estado de direito, uma conquista da humanidade, da qual participaram os liberais no século 18, os iluministas; de outro lado, o sufrágio universal. Quando você tem as duas coisas num país, você tem a democracia. Ora, os liberais sempre foram contra o sufrágio universal, desde a Revolução Francesa (1789), todo o século 19 foi uma grande luta dos democratas contra os liberais. Os liberais argumentavam contra a democracia dizendo que democracia era ditadura da maioria.
No Brasil, pela experiência que temos com os liberais no século 20, eles foram firme e fortemente autoritários. É só pensar no Carlos Lacerda, por exemplo. E o PSDB e o PPS são herdeiros da UDN. Uma característica do liberalismo em todo o mundo é que é uma ideologia sem ideia de nação. As elites liberais no Brasil se identificam plenamente com as dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra. Isso é um desastre, porque implica uma profunda subordinação do Brasil, se estiverem no governo, a interesses que não são nossos. Por isso não coloco os liberais dentro de uma coalizão política. Eles vão estar do outro lado.
Como o PSDB – partido de Franco Montoro e Mario Covas no passado, que era identificado com a socialdemocracia – chegou ao ponto de se aliar à direita, até à extrema-direita e ao golpismo?
Acho que foi principalmente o fato de que o PT ocupou o espaço da socialdemocracia. Fizeram a “Carta aos Brasileiros” (em 2002), e depois, quando Lula foi eleito, o governo do PT fez um grande esforço para fazer um acordo político com os empresários industriais. Chegou perto de conseguir. Nesse quadro, o que sobrava para o PSDB era virar à direita, que foi o que aconteceu. Quando eu estava assinando o ata de formação do PSDB (11’), lá em 1988, tínhamos ganho no dia anterior a batalha interna. Porque o Montoro não queria que o partido fosse “socialdemocracia” e nós queríamos. Ganhamos. Mas essa vitória pode ser uma vitória de Pirro, porque daqui a pouco o PT abandona a ideia de revolução, vira socialdemocrata e nos empurra para a direita. Isso aconteceu, mais depressa do que eu esperava.
Aqui em São Paulo, antigamente chamada de “locomotiva do país”, o PIB vem caindo muito. Por quê?
A causa disso é a o processo de desindustrialização do país. O Brasil está num processo, que eu chamaria deliberado, de desindustrialização desde 1990. Ao fazer a abertura comercial, deixamos de neutralizar a doença holandesa. Isso significou que passamos desde então a ter uma desvantagem competitiva, devido a uma taxa de câmbio apreciada no longo prazo, que eu calculo em 15% a 20%. Isso é o que está matando a indústria desde então, fazendo com que as taxas de crescimento sejam muito baixas e nós vivamos um período de semiestagnação. Agora virou recessão violenta, este ano, mas disso nós saímos.
Como o Brasil pode sair dessa recessão?
Vai sair, porque o ajuste fundamental, o do câmbio, já foi feito. Vai diminuir o déficit em conta corrente – tivemos neste ano de 2015 um déficit em conta corrente de 4,2% do PIB, um absurdo. Os liberais dizem que isso é poupança externa.  Poupança externa coisa nenhuma. Esses 4,2% financiaram exclusivamente consumo no Brasil, não investimento. Isso significa aumento do nosso endividamento. Os dois grandes problemas do Brasil são: 1) a alta preferência pelo consumo imediato. Os brasileiros não estão dispostos a poupar, e em termos práticos, portanto, querem ter déficit em conta corrente ou querem ter um câmbio apreciado para poder consumir mais, e aí os liberais ficam felicíssimos com isso, como também ficam os desenvolvimentistas populistas; 2) os brasileiros perderam a ideia de nação e quando isso acontece você passa a se pautar e aceitar como certas as políticas que Estados Unidos, França, Inglaterra e outros dizem que devemos adotar. Eles nos dizem que devemos ter o famoso déficit em conta corrente. E nesse ponto há uma perfeita conjunção do populismo cambial brasileiro com a perda de ideia de nação. O grande interesse do Ocidente é que os países em desenvolvimento tenham déficit em conta corrente. Isso vai não só permitir que exportem mais para cá, como legitima a presença de multinacionais no Brasil, e grande parte delas em nada contribui para a economia.
Que patamar é aceitável para a taxa de câmbio?
O que eu entendo competitiva é a taxa de câmbio de equilíbrio industrial. A taxa de câmbio que torna competitivas as empresas industriais ou mais amplamente de bens comercializados internacionalmente (20’). Essa taxa de equilíbrio no meu entendimento é de R$ 3,80 por dólar. A crise que tivemos, cuja causa principal foi a queda do preço das commodities, provocou uma depreciação cambial forte. Enquanto nossa taxa de câmbio ficar nesse nível, a indústria volta a ser competitiva, volta a suprir o mercado interno, que tinha perdido para empresas importadoras; em seguida, as mais competentes voltam a poder exportar. É isso que vai fazer a economia brasileira retomar.
A tese de que a causa da crise é o ajuste fiscal é uma tolice. A causa para a crise ortodoxa são os juros do Banco Central. A meu ver, a elevação que o BC fez dos juros é totalmente irresponsável. A inflação foi de 6% para 10%, e isso foi causado essencialmente por correção dos preços do petróleo e da energia elétrica, que foi necessário porque a Dilma atrasou o reajuste desses preços de forma irresponsável. Portanto, essa inflação é basicamente inercial. Você tentar resolver esse tipo de inflação com juros altos é ineficiente e tem um custo brutal para o país. Inviabiliza o investimento das empresas e aumenta o déficit público fortemente.
Qual a saída no momento?
No momento temos que sair dessa recessão, e para sairmos precisamos continuar a política de ajuste fiscal e esperar que o câmbio gere efeitos. Estou convencido que vai gerar esse ano, já.  Não acredito absolutamente que vamos ter no ano que vem outra vez uma queda de três por cento do PIB. No ano que vem já temos uma queda (prevista) de dois por cento do PIB, que é o “carry over” (a influência estatística “carregada” – no caso, negativa – de 2015 para 2016). Isso é inevitável. Como eu acho que a economia vai começar a recuperar, então espero que no final do ano (2016), se o PIB ainda for negativo, e é bem possível que seja, mas será muito menos que este ano. A economia já estará claramente retomando o crescimento, mas de quase estagnação. O meu entendimento é de que a economia brasileira é semiestagnada desde 1980. A renda per capita brasileira vem crescendo menos que 1% por ano, quando crescia 4,1% entre 1950 e 1980.
Uma das maiores críticas ao governo nos últimos anos é a política de incentivo ao consumo desenfreado. O sr. concorda?
O modelo brasileiro de crescimento desde 1990, e não desde o Lula, é o modelo consumista. Não se deu condições nem para o crescimento privado, nem para o público. No meu entendimento, é que, do total de investimento de um país como o Brasil, 20% deveria ser público, e não é. Esse investimento deveria ser financiado por poupança pública. Mas cadê a poupança pública?  Desde 1980 que o Brasil não tem poupança pública. É sempre “despoupança” pública, que vai a dois, três por cento do PIB, quando nós tínhamos dois, três, quatro por cento de poupança nos anos 1970. E aí são liberais e desenvolvimentistas irmanados. Os liberais dizendo: “não, o Estado não precisa e não deve investir, isso é estatização”. E os desenvolvimentistas: “precisamos aumentar os salários e o consumo porque isso cria demanda”, e por aí afora. Então não há santo que faça o Brasil crescer desse jeito.
O que o Brasil precisa para crescer?
Minha tese é de que o Brasil para crescer não precisa absolutamente de um tostão de capital estrangeiro. O Ocidente, que tem um exército, que é a OTAN, tem um banco, que é o Banco Mundial, e coisas desse tipo, este Ocidente diz para nós: “é natural que países ricos em capitais transfiram seus capitais para países pobres”. E parece uma coisa verdadeira, de bom senso, de senso comum. Mas isso é tão verdade quanto é verdade que a terra é plana. Meu entendimento é que o Brasil deveria ter um superávit em conta corrente de um por cento do PIB. Na pior das hipóteses deveria ter zero de déficit, o saldo deveria ser zero. Primeiro porque quando você resolve crescer com poupança externa, como quando Fernando Henrique Cardoso começou o governo dele em 1995, você está decidido entrar em déficit em conta corrente. Quando entra em déficit em conta corrente, a taxa de câmbio se aprecia. E quando você aprecia o câmbio, as empresas brasileiras perdem competitividade e param de investir. De forma que a poupança externa substitui a interna, ao invés de se somar a ela. Esse é um argumento.
O outro é o da doença holandesa: é uma sobreapreciação de longo prazo da taxa de câmbio de um país causada pela existência de recursos naturais abundantes e baratos, que podem ser exportados com lucro a uma taxa de câmbio mais apreciada do que a taxa necessária para que as empresas brasileiras sejam competitivas. Entre zero e um por cento de superávit em conta corrente é indicação de que um país tem uma taxa de câmbio competitiva e que as empresas que forem competentes serão capazes de sobreviver no mercado, e até exportar. (explicação do que é doença holandesa: 30’45)
O sr. esteve no ato político contra o golpe no Largo São Francisco (16 de dezembro). A decisão do STF dá um fôlego ao governo?
Dá um fôlego, mas, mais amplamente, apenas confirma o que venho dizendo desde que começou esse projeto de impeachment, que considero de uma irresponsabilidade total por parte de Eduardo Cunha e da oposição, do PSDB, PPS. A democracia brasileira é consolidada, no meu entender. A tentativa de impeachment é um golpe de Estado, e um golpe é um retrocesso no processo democrático muito sério, (um risco) que acho que os brasileiros não estão dispostos a correr. Não acredito no impeachment de forma nenhuma. Não digo que tenho 100 por cento de certeza, mas 90 por cento eu tenho, que não vai sair o impeachment. A decisão do Supremo vai nessa direção e tornou muito mais difícil a tarefa dos “impichadores”.

Produção legislativa foi decepcionante em 2015

por Antônio Augusto de Queiroz publicado 25/12/2015 11:43, última modificação 25/12/2015 11:44
ANTONIO AUGUSTO/CÂMARA DOS DEPUTADOS/FOTOS PÚBLICAS
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Composição conservadora e a crise política afetaram a produção legislativa em 2015. Foram aprovadas poucas matérias relevantes
A produção legislativa em 2015, considerando as propostas transformadas em norma jurídica entre 1º de janeiro e 17 de dezembro, foi decepcionante, tanto em quantidade quanto em qualidade. Nesse período foram incorporadas ao ordenamento jurídico brasileiro 125 leis ordinárias, cinco leis complementares e seis emendas à Constituição.
Quanto à origem, das 125 leis ordinárias: a) 71 foram de iniciativa de parlamentares e comissões, sendo 41 da Câmara, 29 do Senado e uma do Congresso, b) 45 do Poder Executivo, sendo 27 oriundas de medidas provisórias, sete projetos de lei do congresso nacional (matéria orçamentária) e 11 de projeto de lei, c) oito do Poder Judiciário, e d) uma do Ministério Público da União.
Em relação às emendas à Constituição e às leis complementares, as seis emendas constitucionais são de iniciativa de parlamentares, sendo quatro da Câmara e duas do Senado, e das cinco leis complementares, quatro são de autoria de parlamentares, sendo uma da Câmara, uma do Senado e outro do Congresso, e uma de iniciativa do Poder Executivo.
Das 125 leis ordinárias, 82 foram votadas em plenário e 43 conclusivamente pelas comissões. Já as emendas constitucionais e leis complementares, por força de disposição constitucional, são necessariamente votadas em plenário.
Sobre a qualidade das normas jurídicas, incluindo as leis ordinárias e complementares e as emendas à constituição, pode se afirmar que deixam muito a desejar em comparação com outras sessões legislativas.
Do ponto de vista temático, o maior número de leis ordinárias, 21, trata de diversos ramos do direito (civil, penal, eleitoral), 16 instituem data comemorativa, 13 dispõem sobre temas orçamentário, 10 tratam de servidores públicos, oito promovem mudanças na legislação tributária, oito falam de homenagens, sete cuidam de temas educacionais, seis dispõem sobre direito do trabalho, quatro alteram a legislação previdenciária, quatro tratam de infraestrutura, quatro de licitações e contatos e as demais disciplinam temas diversos.
Entre as Emendas à Constituição, as mais relevantes trataram do orçamento impositivo e do aumento de 70 para 75 anos da idade mínima para efeito de aposentadoria compulsória no serviço público. No caso das leis complementares, a de maior destaque foi a que regulamentou o trabalho do empregado doméstico.
No universo de leis ordinárias, em relação aos direitos trabalhistas e previdenciários, houve mais ganhos do que retrocesso. No primeiro grupo estão a lei de recuperação do salário mínimo, a lei que instituiu o programa de proteção ao emprego e a lei que instituiu a fórmula 85/95 como alternativa ao fator previdenciário. No segundo, e ainda assim com seus efeitos mais perversos amenizados, podemos citar as leis que resultaram das MPs 664 e 665.
Em temas mais gerais, merecem destaque a lei que garante o direito de resposta na imprensa, a lei que instituiu o estatuto do deficiente, a lei de combate ao bullying, a lei que inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos, a lei que define critério para a separação de presos nos estabelecimentos penais e a lei que permite à mulher, em igualdade de condições, proceder ao registro de nascimento do filho.
A composição conservadora e a crise política afetaram a produção legislativa em 2015. Foram aprovadas poucas matérias relevantes, conforme já demonstrado, e muitas propostas que agrediam direitos, felizmente, não concluíram seu processo de votação, embora algumas delas tenham sido apreciadas na Câmara dos Deputados. Fiquemos de olho para evitar retrocesso na próxima sessão legislativa, a partir de fevereiro de 2016.
Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político e Diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Governadores de 16 estados repudiam impeachment e defendem legalidade

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Governadores: impeachment é recurso de extrema gravidade, que só deve ser empregado diante da prática comprovada e intencional de crime de responsabilidade pelo chefe de governo, o que não está configurado agora. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Governadores de 16 estados brasileiros divulgaram nesta terça-feira (8) uma Carta pela Legalidade na qual repudiam o pedido de abertura de processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e se manifestam em defesa da legalidade.
“Entendemos que o mecanismo de impeachment, previsto no nosso ordenamento jurídico, é um recurso de extrema gravidade que só deve ser empregado quando houver comprovação clara e inquestionável de atos praticados dolosamente pelo chefe de governo que atentem contra a Constituição. O processo de impeachment, aberto na última quarta-feira, 02/12, carece desta fundamentação”, afirmam os governadores. “Não está configurado qualquer ato da presidenta da República que possa ser tipificado como crime de responsabilidade”.
Os governadores afirmam compreender as dificuldades pelas quais o País atravessa e sustentam que lutam para superá-las, mas enfatizam: “acreditamos que as saídas para a crise não podem passar ao largo das nossas instituições e do respeito à legalidade”.
Confira, abaixo, a íntegra da Carta pela Legalidade:
Os governadores estaduais vêm, por meio desta nota, manifestar-se contrariamente ao acolhimento do pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidenta da República.
A história brasileira ressente-se das diversas rupturas autoritárias e golpes de Estado que impediram a consolidação da nossa democracia de forma mais duradoura. Tanto é assim que este é o período mais longo de normalidade institucional de nossa história, conquistado após a luta de amplos setores da sociedade. Nesse sentido, é dever de todos zelar pelo respeito à Constituição e ao Estado Democrático de Direito.
Entendemos que o mecanismo de impeachment, previsto no nosso ordenamento jurídico, é um recurso de extrema gravidade que só deve ser empregado quando houver comprovação clara e inquestionável de atos praticados dolosamente pelo chefe de governo que atentem contra a Constituição.
O processo de impeachment, aberto na última quarta-feira, 02/12, carece desta fundamentação. Não está configurado qualquer ato da presidenta da República que possa ser tipificado como crime de responsabilidade.
Compreendemos as dificuldades pelas quais o País atravessa e lutamos para superá-las. Todavia, acreditamos que as saídas para a crise não podem passar ao largo das nossas instituições e do respeito à legalidade. Por isso, ciosos do nosso papel institucional, conclamamos o País ao diálogo e à construção conjunta de alternativas para que o Brasil possa retomar o crescimento econômico com distribuição de renda.
Brasília, 08 de dezembro de 2015.
Distrito Federal
Estado do Acre
Estado das Alagoas
Estado do Amapá
Estado da Bahia
Estado do Ceará
Estado do Maranhão
Estado das Minas Gerais
Estado da Paraíba
Estado de Pernambuco
Estado do Piauí
Estado do Rio Grande do Norte
Estado do Rio de Janeiro
Estado de Roraima
Estado de Santa Catarina
Estado do Sergipe.

Supremo vai definir todo o rito do processo de impeachment, diz Fachin

Ontem (9), o ministro suspendeu a tramitação do pedido de impeachment de Dilma até quarta-feira, quando a Corte deve julgar lei que regulamenta as normas do processo
por André Richter, da Agência Brasil publicado 09/12/2015 18:32
EBC/MEMÓRIA
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Sobre a validade dos atos praticados até o momento, Fachin declarou que devem ser mantidos
Brasília – O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse hoje (9) que vai propor ao plenário da Corte na quarta-feira (16) o rito que deverá ser seguido pelo Congresso para dar continuidade ao procedimento de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
Em entrevista após a sessão do tribunal, Fachin afirmou que sua decisão de suspender a tramitação do processo não interferiu nas deliberações do Legislativo.
Ontem , o ministro suspendeu a tramitação do pedido de impeachment de Dilma até quarta-feira, quando a Corte deve julgar, a pedido do PCdoB, partido da base aliada do governo, a validade da Lei 1.079/50, que regulamentou as normas de processo e julgamento do impeachment.
Fachin acrescentou que vai propor aos demais ministros o rito que deverá ser seguido pelo Congresso para dar continuidade à tramitação do pedido de impedimento da presidenta. Segundo o ministro, seu voto permitirá que o processo possa continuar sem questionamentos sobre sua legalidade.
“O Supremo é, antes de tudo, o guardião das regras do jogo. Dentre os questionamentos que o STF recebeu está esse de saber se na composição, na escolha dos membros da comissão, a votação deve ser aberta ou secreta. Portanto, entendi que a matéria merece uma deliberação do pleno. Vou propor, em relação ao exame de constitucionalidade e da recepção, do todo e em parte da lei de 1950, o rito que vai do começo ao fim do julgamento no Senado.”
Sobre a manutenção da validade dos atos praticados até o momento, como a eleição da chapa oposicionista da comissão especial, Fachin declarou que, em tese, os atos devem ser mantidos, por terem ocorrido antes do julgamento da Corte. No entanto, a decisão caberá ao plenário.
Mais cedo, os ministros Luís Roberto Barroso e Marco Aurélio defenderam a decisão de Fachin.

'Atrocidades de Cunha não vão ser ilimitadas. Mais cedo ou mais tarde ele cai', diz Alencar

Deputado do Psol reconhece que "principal chefe da bagunça" tem fôlego e avalia que fragilidade do governo e tramas de bastidor tornam a situação imprevisível
por Eduardo Maretti, da RBA publicado 09/12/2015 15:48, última modificação 09/12/2015 15:54
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Alencar: "Temer tramando para ser presidente. Já teria até acertado com o PSDB de não disputar eventual reeleição em 2018"
São Paulo – O deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ) avalia a sessão de ontem (8), na Câmara, que elegeu parte da comissão especial que analisará o processo de impedimento da presidenta Dilma Rousseff, como “aberrante, esdrúxula e disparatada até para quem defende o processo de impeachment”. O funcionamento da Casa tem sido assim ao longo do ano, e no fim de 2015 culmina com a aproximação de uma decisão sobre interrupção do mandato, que, em caso positivo, pode levar o país a uma grave crise institucional e social.
Para Alencar, a fragilidade do governo na Câmara tem sido um fator determinante da situação de imprevisibilidade política atual. “O problema é como Cunha polariza com o governo, que está muito enfraquecido. Aí ele tem fôlego para as atrocidades que comete. Mas elas não vão ser ilimitadas”, acredita. “Acho que, mais cedo ou mais tarde, ele cai.”
O fator Temer, com sua atuação de bastidores, joga mais gasolina na fogueira. Segundo Alencar, já haveria inclusive um acordo entre o vice-presidente da República e o PSDB. Pelo acordo, Temer teria acertado com o PSDB que não disputaria uma eventual reeleição em 2018.
O deputado do Psol diz esperar que o Supremo Tribunal Federal “ordene os critérios constitucionais de um processo de impeachment e bote ordem na casa do povo”, após a decisão “correta” do ministro Luiz Edson Fachin, que na noite de ontem suspendeu o processo orquestrado por Cunha.
Hoje, o Psol e a Rede entregaram à vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, uma representação com pedido de medida cautelar pelo afastamento de Eduardo Cunha.
Qual sua avaliação sobre o que aconteceu na Câmara ontem?
Foi uma sessão completamente aberrante, esdrúxula, que até para quem defende o processo de impeachment – que não é o nosso caso – foi disparatada, totalmente casuística, do começo da preparação, até o meio e o fim. Primeiro, o Cunha tinha decidido com alguns, ninguém sabe quem são, que a votação seria secreta no caso da comissão especial. Desde o fim de semana estavam instalando as cabines e as urnas. A sessão de ontem, aliás, tinha sido adiada do dia anterior, para a qual estávamos convocados, a fim de que se apresentasse uma chapa alternativa, com relação a prazos em relação ao que tinha sido combinado.
Apesar de o voto secreto “degradar o parlamento”, como você disse ontem, foi feito assim e assim tem sido. Qual a saída?
Então, as etapas do processo. Desde antes, marcado por casuísmos. Quando abre a sessão, o ainda presidente Cunha determina a abertura da votação em secreto e ainda por cima ele impede o pronunciamento de qualquer parlamentar, ele cassa nossa palavra.
Como explicar à sociedade o estado de coisas na Câmara, sujeita às vontades de Cunha, que viola tudo o que quer, inclusive jurisprudência do Supremo, e nada se faz?
Não, mas poderia ser feito, se houvesse uma maioria para repelir isso, como há duas semanas, quando nos insurgimos, porque ele estava manobrando no Conselho de Ética e saímos da sessão, e a sessão caiu. Ali ele sofreu uma derrota. Mas logo ele recompõe a sua base. E o problema é como ele polariza com o governo, que está muito enfraquecido, inclusive pela crise econômica, ambiental, social, que é real. Aí ele tem fôlego para as atrocidades que comete. Mas elas não vão ser ilimitadas, não. Nós, do Psol e da Rede, com oito deputados, acabamos de entregar uma representação à vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko (o titular, Rodrigo Janot, está viajando). Quisemos, nesse Dia Internacional de Combate à Corrupção, entregar a representação com pedido de medida cautelar pelo afastamento do Cunha.
A procuradoria-geral tem que se pronunciar e, em acolhendo, encaminhar ao Supremo Tribunal Federal. Ela não vai decidir, pode pedir, tem peso, inibe. Enfim, a situação é muito complicada, tem um jogo de barganhas e bastidores. O Michel Temer tramando para ser presidente. Já teria até acertado com o PSDB de não disputar uma eventual reeleição em 2018. A República não é nada republicana. É a República da barganha, da chantagem, dos bastidores e do casuísmo.
Nesse contexto, acredita que a estratégia de Michel Temer pode ter sucesso?
A base do governo, e fico até impressionado, está fragilizadíssima. Um deputado me falou ontem que o voto secreto é bom porque permite traição sem retaliação. É nessa base. Tivemos 199 votos. Para evitar o impeachment bastam 172 votos, mas um governo com esse número de votos apenas, para tocar adiante, é muito frágil. Está tudo em aberto. Não ouso fazer nenhuma afirmação, embora o pedido de impeachment em si não tenha consistência, substância.
O voto secreto, muito contestado, tende a cair ou não?
Tende a cair, porque a regra é o voto aberto. Voto secreto só com exceção e determinado pela Constituição. Não tem nenhuma linha da Constituição.brasileira que determine que voto para constituir comissão especial de impeachment tem que ser secreto. Fizeram por analogia com o regimento da Casa, mas o princípio tem que ser constitucional. Eu tenho a expectativa de que ele não prospere portanto, no julgamento do Supremo na quarta-feira que vem.
Como avaliou a decisão do (ministro) Fachin de ontem e como espera que seja o posicionamento do Supremo na quarta?
Foi uma decisão correta, e espero que a decisão do Supremo ordene os critérios constitucionais de um processo de impeachment, bote ordem na casa do povo, que está vivendo uma bagunça sem limite. Tudo tendo como principal chefe da bagunça o Eduardo Cunha, sempre de olho nos seus interesses. Ele quer salvar o mandato dele e se possível destruir o da Dilma, e para isso faz todo tipo de negociação.
Muita gente previa ou esperava que ele fosse cair logo, diante das denúncias, mas não cai...
Ele mostra que tem fôlego, tem resistência, sem dúvida. Mas acho que, mais cedo ou mais tarde, cai.

Um terço dos integrantes da comissão que vai analisar o impeachment de Dilma Rousseff responde a acusações criminais no STF.

Um terço dos integrantes da comissão que vai analisar o impeachment de Dilma Rousseff responde a acusações criminais no STF. Crimes de responsabilidade, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais e contra a Lei de Licitações são algumas das acusações criminais que pesam contra os deputados.

comissão impeachment Dilma
Comissão do impeachment é formada por 20 parlamentares que respondem a ação criminal no STF
Pelo menos um terço dos integrantes já definidos da comissão especial que vai analisar o processo de impeachment é alvo de acusações criminais no Supremo Tribunal Federal (STF).
Dos 61 deputados escolhidos em votação tensa no plenário da Câmara, nessa terça-feira (8), ao menos 20 respondem a inquéritos (investigações preliminares) ou ações penais (processos que podem resultar em condenação) no Supremo. As informações são doCongresso em Foco.
Crimes de responsabilidade – como os atribuídos à presidente Dilma, no pedido de impeachment a ser analisado –, corrupção, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais e contra a Lei de Licitações são algumas das suspeitas que se repetem contra esses parlamentares.
Entre os investigados, 14 serão titulares e seis ocuparão a suplência da comissão. A relação é encabeçada pelo PSDB, com seis nomes, seguido pelo PP, com quatro. Na sequência, aparecem o PMDB, o PSD e o SD, com dois cada. PSC, PTB, PPS e PSB têm um nome cada.
Entre os indicados, há três deputados do PP investigados na Operação Lava Jato. Jerônimo Goergen (RS) e Luiz Carlos Heinze (RS), que serão titulares, e Roberto Balestra (GO), que atuará como suplente, são suspeitos de ter recebido dinheiro desviado da Petrobras. Todos eles negam envolvimento com o petrolão.
Alguns dos investigados já são réus. É o caso, por exemplo, do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), que responde a ação penal por corrupção no Supremo. Presidente licenciado da Força Sindical e criador do Solidariedade, um dos principais partidos de oposição a Dilma, Paulinho é acusado de desviar recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O deputado ainda é investigado em outros três inquéritos por peculato e corrupção passiva.
A chapa, formada basicamente por parlamentares pró-impeachment, foi eleita pela maioria do plenário, derrotando as indicações apoiadas pelo governo. O colegido será formado por 65 titulares e 65 suplentes. O restante de seus integrantes seria definido nesta quarta, mas o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, em caráter liminar, o andamento de qualquer procedimento relacionado ao impeachment até que a corte se posicione sobre o assunto, de maneira definitiva, no próximo dia 16.
Veja abaixo a relação dos integrantes da comissão do impeachment que respondem a inquérito ou ação penal no STF:
PSDB – Titulares:
Nilson Leitão (PSDB-MT)
Rossoni (PSDB-PR)
Shéridan (PSDB-RR)
Suplentes:
Izalci (PSDB-DF)
Rocha (PSDB-AC)
Rogério Marinho (PSDB-RN)
SD – Titular:
Paulinho da Força (SD-SP)
Suplente:
Genecias Noronha (SD-CE)
PPS – Titular:
Alex Manente (PPS-SP)
PSC – Titular:
Pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
PMDB – Titular:
Flaviano Melo (PMDB-AC)
Suplente:
Geraldo Resende (PMDB-MS)
PTB – Titular:
Benito Gama (PTB-BA)
PSD – Titular:
Delegado Éder Mauro (PSD-PA)
Suplente:
Silas Câmara (PSD-AM)
PP – Titulares:
Jair Bolsonaro (PP-RJ)
Jerônimo Goergen (PP-RS)
Luiz Carlos Heinze (PP-RS)
Suplente: Roberto Balestra (PP-GO)
PSB – Titular:
Danilo Forte (PSB-CE)

Comissão do impeachment

O Plenário da Câmara decidiu ontem, por 272 votos a 199, e duas abstenções, que a Comissão Especial do Impeachment será formada, em sua maioria, por deputados favoráveis ao afastamento da presidente Dilma Rousseff (Chapa 2, de viés alternativo). A votação foi realizada depois de briga entre deputados e policiais legislativos, com direito a urnas de votação quebradas e cabines de votação obstruídas por parlamentares que queriam abrir o processo de escolha.
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Congresso aprova projeto que muda meta fiscal de 2015

O projeto deveria ter sido votado na última semana, mas a prisão de Delcídio do Amaral e a votação da Medida Provisória 688 adiaram o processo para esta semana
por Mariana Jungmann, da Agência Brasil publicado 02/12/2015 19:02, última modificação 02/12/2015 20:01
WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO
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O projeto altera a meta fiscal de 2015 de R$ 66,3 bilhões de superávit para R$ 119 bilhões de déficit
Brasília – O Congresso aprovou hoje (2), por 314 votos a favor e 99 contra, o projeto de lei que muda a meta fiscal de 2015. O projeto prevê ajuste de 2015 de R$ 66,3 bilhões de superávit para R$ 119 bilhões de déficit e é considerado fundamental pelo governo para cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A sessão começou com obstrução da oposição. Dois requerimentos dos oposicionistas, um para inversão da pauta e outro para inversão de preferência, foram rejeitados pelo plenário.
O relator do projeto, deputado Hugo Leal (PROS-RJ) argumentou que fatores externos tornaram a alteração necessária. "Queda no preço das commodities, queda no preço do petróleo, que quebrou vários estados, houve uma crise hídrica", disse.
O projeto deveria ter sido votado na última semana, mas a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a votação da Medida Provisória 688 fizeram com que a sessão fosse adiada para esta semana.
Ontem (1º), os parlamentares limparam a pauta conjunta da Câmara e do Senado votando os quatro vetos que estavam trancando os trabalhos. No entanto, com a noite já avançada, o quórum não se manteve suficiente para a apreciação do projeto d elei.
O ministro Nelson Barbosa está no Congresso para se reunir com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) e trabalhar pela aprovação da mudança da meta fiscal. Um decreto de contingenciamento foi editado esta semana para tentar frear os gastos públicos enquanto a meta fiscal não é aprovada. Ele pode ter os efeitos suspensos após a aprovação do projeto.

Dilma: ‘Não tenho conta no exterior, não faço coação e não barganho votos’

Em pronunciamento curto e contundente, Dilma diz receber com indignação decisão de Cunha, considera argumentos pelo impeachment inconsistentes e diz confiar no funcionamento da instituições
por Redação RBA publicado 02/12/2015 20:57, última modificação 02/12/2015 21:52
REPRODUÇÃO NBR
Dilma
Dilma fez o pronunciamento de três minutos acompanhada de ministros de sete partidos e disse confiar nas instituições
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou há pouco em pronunciamento que recebeu com indignação a decisão do presidente da Câmara de encaminhar no Congresso processo de impeachment contra um mandato conferido democraticamente. A presidente disse que não existem "atos ilícitos" em sua gestão e que nenhuma acusação paira sobre ela. 

"São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentaram esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita e desvio de dinheiro público", ressaltou. E rechaçou de maneira contundente qualquer possibilidade de "acordo" entre o Executivo e Cunha visando a livrá-lo do processo que pode determinar seu afastamento do cargo e cassação.
"Não existe ato ilícito. Não possuo conta no exterior, não tentei coagir instituições ou pessoas para safisfazer interesses pessoais. A imprensa noticiou que houve interesse de votos em troca do arquivamento dos pedidos. Eu não aceitaria qualquer tipo de barganha, nem atentei contra princípios morais e éticos que ofendam a vida da nação. Há improcedência no pedido. Não podemos deixar que interesses abalem a democracia. Devemos ter tranquilidade e confiar no Estado democrático de direito", declarou.

Leia íntegra:
Recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processo de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro. São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim. Não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de recurso público. Não possuo conta no exterior nem ocultei do conhecimento público a existência de bens pessoais. Nunca coagi ou tentei coagir instituições ou pessoas na busca de satisfazer meus interesses. Meu passado e meu presente atestam a minha idoneidade e meu inquestionável compromisso com as leis e a coisa pública. Nos últimos tempos e nos últimos dias a imprensa noticiou que haveria interesse na barganha de votos de membros da base governista no conselho de ética da Câmara dos Deputados. Em troca haveria arquivamento dos pedidos de impeachment. Eu jamais aceitaria ou concordaria com quaisquer tipos de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas de meu país, bloqueiam a Justiça ou ofendam princípios morais e éticos, os que devem governar a vida pública. Tenho convicção e absoluta tranquilidade quanto à improcedência deste pedido, quanto ao seu justo arquivamento. Não podemos deixar conveniências e interesses indefensáveis abalarem a democracia e a estabilidade de nosso país. Devemos confiar nas instituições e no Estado Democrático de Direito.
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