Mariana Tokarnia
Repórter Agência Brasil
Brasília - A população brasileira consome duas vezes mais sal em
relação à quantidade recomendada e grande parte vem de alimentos
industrializados. Pesquisa divulgada hoje (16) pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que os campeões em alto teor de
sódio são o queijo parmesão ralado, o macarrão instantâneo, os embutidos
(mortadela) e o biscoito de polvilho.
O queijo parmesão ralado lidera o ranking, com teor médio
de 1.981 miligramas de sódio por 100 gramas do produto. Nas colocações
seguintes, aparecem o macarrão instantâneo e a mortadela. O biscoito de
polvilho tem quantidade média de 1.092 miligramas do ingrediente para
cada 100 gramas.
O queijo ricota, muito consumido em dietas, também apresentou altas variações de sódio entre as marcas avaliadas. Ao todo, foram analisados 496 produtos de 26 categorias de alimentos.
Os alimentos industrializados representam 20% da dieta alimentar. O
brasileiro consome, em média, 11,75 gramas de sal e 4,7 gramas de sódio,
quando o recomendado é 5 gramas e 2 gramas, respectivamente. O sódio
representa aproximadamente 40% da composição do sal.
“A Anvisa vai dizer que tudo que está além é muito e a indústria,
que tudo que está abaixo do limite, é pouco. No meio, estão os
consumidores, quem nos interessa”, diz o diretor-presidente da Anvisa,
Dirceu Barbano.
O governo e representantes da indústria e dos supermercados firmaram
acordo, iniciado em 2011, pela diminuição progressiva do sódio nos
alimentos. A partir de 2013, produtos com menos sódio já deverão estar
disponíveis no mercado. “Existe a mentalidade de que tudo que é bom
engorda ou faz mal. Uma mudança de hábito é complicada, mas pode ser
feita gradualmente. E é esse o objetivo da Anvisa. O acordo vai ajudar a
reduzir aos poucos a quantidade de sal nos produtos”, disse José Agenor
Álvares, diretor de Monitoramento e Controle da Anvisa.
De acordo com o nutricionista e pesquisador da Universidade de São
Paulo (USP), Rafael Claro, a população está mais preocupada com a perda
da qualidade de vida do que riscos de sofrer doenças devido ao consumo
de sal. O excesso de sódio na alimentação eleva o risco de doenças do
coração, obesidade e diabetes, por exemplo. “Antigamente, as pessoas
sofriam de hipertensão aos 70 anos. Hoje, há casos aos 25 anos.”
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação
(Abia), que responde por 70% do setor, informou que não “teve acesso aos
resultados do monitoramento do conteúdo de sódio nos alimentos
processados no período 2010-2011”.
“No que diz respeito especificamente à redução de sódio, foram
estabelecidas pelo Ministério da Saúde e Abia, até o momento, metas de
redução para nove categorias de alimentos, que devem resultar na
retirada de mais de 20 mil toneladas de sódio dos produtos até 2020,”
disse a associação.
Edição: Carolina Pimentel
Nenhum comentário:
Postar um comentário