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Marina Silva, em vídeo na internet, tenta explicar as razões para filiar-se ao PSB e frustrar milhões de eleitores
O grande derrotado com a filiação de Marina Silva ao PSB foi o pré-candidato tucano Aécio Neves. Por mais que ele negue às câmeras de TV, nos bastidores os tucanos se interessavam em abater a candidatura de Marina. Só não contavam com o apoio dela a Campos. O fato de ela sempre aparecer na frente nas pesquisas, às vezes com o dobro das intenções de votos de Aécio, poderia impor um vexame eleitoral ao tucanato, perdendo a posição de segunda força política e de principal partido de oposição.
Se a candidatura de Marina poderia ajudar a levar a eleição para o segundo turno por um lado, por outro poderia tirar Aécio deste suposto segundo turno. Se é para perder, melhor para o PSDB projetar nacionalmente o nome de Aécio Neves para 2018 como principal nome da oposição.
Outro derrota do tucano é quanto à expectativa de poder. Desde esta fase pré-eleitoral, apoios políticos e mesmo econômicos dos financiadores de campanha, costumam ser como água que corre para os rios mais caudalosos. Quanto mais uma candidatura parece ter chances de vencer a eleição, mais apoios atrai. Com esse novo quadro, cresce a expectativa de poder de Dilma Rousseff e de Eduardo Campos. Por ora, vai minguando a de Aécio Neves.
Do lado de cá
A filiação de Marina Silva ao PSB, se por um lado representou uma saída pragmática para os deputados com mandatos adeptos do partido Rede Sustentabilidade conseguirem uma legenda provisória para concorrer a alguma coisa na eleição em 2014, por outro diminuiu suas expectativas de um dia chegar à Presidência da República. Isso porque ficando fora da disputa de 2014, provavelmente novos nomes se projetarão para 2018, ocupando o lugar que ela teve em 2010.
Campos sai ganhando porque eliminou uma concorrente, não só para 2014, mas também na projeção de nomes para 2018. Em sua prancheta, ele planeja se posicionar como "terceira via" e não como oposição (falta combinar com o eleitorado e com os oponentes, é claro). Esse espaço vinha sendo ocupado por Marina. Com a eliminação dela, Campos ficou com uma avenida aberta neste nicho para crescer. Mas Marina no PSB não transfere os votos que teve em 2010 automaticamente, nem mesmo se for se candidatar a vice.
A imagem política dela tem, ou pelo menos tinha, diferenças significativas da imagem de Campos e não se complementam. Pelo contrário levam a contradições – trocar o "sonhático" pelo "pragmático", o que decepciona grande parte de seu eleitorado.
Marina vinha buscando uma imagem de suposta busca por uma "utopia" na política, por meio de um partido novo, apesar de que, sem reforma política que mude as estruturas de atuação das legendas, essa imagem contem mais marketing do que realidade.
Enquanto isso, Campos vem trilhando o caminho contrário, transformando o PSB em uma frente partidária que abriga qualquer um queira apoiá-lo, mesmo que tenham uma conduta política contrária ao que prega os estatutos originais do partido. Em Santa Catarina, por exemplo, o PSB foi entregue ao grupo de Jorge Bornhausen, ex-Arena, ex-PFL, ex-DEM e ex-PSD e sempre neoliberal. Compreende-se alianças entre dois partidos diferentes dentro de uma conjuntura eleitoral, mas filiação de antagônicos no mesmo partido o descaracteriza e costuma levar ao fisiologismo partidário.
Marina, em 2010, teve muitos votos de quem votaria nulo e de quem rejeitava o sistema político. Em vez de transferir esses votos para Campos, o mais provável é que Marina entre no rol dos políticos rejeitados junto com Campos, e esse nicho do eleitorado vote nulo, o que aumenta as chances de resolver a eleição no primeiro turno.
Outra grande parte do eleitorado de Marina em 2010 tem em Dilma a segunda opção de candidato. Por isso, paradoxalmente, a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição pode ser uma grande beneficiada. Separados, Campos e Marina poderiam somar-se mutuamente. Juntos porém, uma das parcelas fica aniquilada, e o poder de fogo da dupla fica reduzido.
Não significa que Dilma terá vida tranquila na eleição. Com mais candidatos, apesar de aumentar as chances de haver segundo turno, haveria maior dispersão do voto oposicionista, sem uma polarização clara a ponto de ameaçar a líder, ou com a polarização restrita ao PSDB, que tem perdido os embates desde 2002.
Com Campos ficando mais em evidência, sem Marina para ofuscá-lo, ele pode vir a conseguir polarizar com Dilma e tornar a eleição mais complexa. Mas Campos também não terá vida tranquila para executar essa estratégia. Dilma, além de ter seu eleitorado próprio, que a tem colocado como líder nas pesquisas, terá em seu palanque o ex-presidente Lula, um forte cabo eleitoral que deixará Eduardo Campos em uma posição difícil para fazer oposição.
E o afunilamento em três candidaturas obrigaria o futuro candidato tucano – seja ele quem for – a trocar cotoveladas com Campos para ver quem chega ao segundo turno.
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