terça-feira, 29 de outubro de 2013

Coluna A Tarde: PT baiano procura saídas


O PT baiano, a exemplo do cão, passou a corre atrás do próprio rabo, de sorte a encontrar uma forma de pegá-lo. Dessa maneira, vai ser difícil decidir sobre o enigma que lhe está posto para decifrar a sucessão do governador Jaques Wagner, e encontrar uma saída de sorte a escolher, dentre quatro candidatos, aquele que será, presumivelmente, o preferido do partido à sucessão do próximo ano. O partido começou errado, no início do ano, ao lançar quatro pré-candidatos, o que jamais deveria ter acontecido. Um candidato ao governo emerge naturalmente, a não ser que seja imposto, com costuma acontecer quando há um líder que fica muito acima dos integrantes da legenda. Foi o caso de Lula, que escolheu sozinho Dilma Rousseff, retirando-a da cartola sem que ninguém desse um pio, sequer. É a tese da escolha de um poste, como muitas vezes aconteceu na Bahia carlista.
   
Quando a direção partidária estabeleceu que seriam quatro os pré-candidatos não atentou que estava procurando sarna para se coçar. O resultado está aí, visível, com o pré-lançamento de José Sérgio Gabrielli, que ganhou impulso a partir do encontro organizado por petistas que acabaram por decidir favoravelmente ao seu nome. Agora, o PT começou a empurrar a decisão com a barriga, marcando prazos e os desmarcando, justamente por não saber o que fazer. Primeiro, seria no final deste outubro, depois até o dia dez de novembro, mudou para o dia 15 e agora se fala no fim do mês que se aproxima.
     
Há um velho ditado popular, e eu gosto de ditado, que diz que “quem não sabe rezar fala mal de Deus”. É justamente o que ocorre. O PT mergulhou numa difícil situação da qual provavelmente não sairá em harmonia. Pelo contrário. A mexida será de tal ordem que as suas tendências, que normalmente brigam internamente, deverão deixar o casulo para brigar abertamente, o que, de certo modo, já acontece na escolha do futuro presidente do Diretório Regional do partido. A campanha para reunir eleitores dentro da agremiação fervilha, num vale-tudo que não tem fim. Dos quatro pré-candidatos, um já está na dianteira, José Sérgio Gabrielli; outro praticamente fora, Luiz Caetano, e dois praticamente em guerra: Rui Costa, nome de preferência de Jaques Wagner, com quem trabalhou quando o atual governador presidia a Petroquímica, e Walter Pinheiro que, no Senado transformou-se numa formiguinha, trazendo o que está ao seu alcance, em ter mos de verbas, para a Bahia. Dentro do PT, afirma-se que Walter Pinheiro não aceitará a escolha de Rui como carta marcada, nem Rui, a  ele, a não ser que Wagner os pacifiquem. É mesmo uma espécie de “samba do crioulo doido”  que projeta luzes fortes sobre o PT neste mês de novembro.
     
Tudo isso em razão da precipitação de pré-candidaturas, que, aliás, começou com Dilma Rousseff, lançada por Lula. Nos demais estados deu-se o fenômeno da gravidade. Cada qual começou a se arrumar para concorrer aos governos, prejudicando a gestão, como acontece com a presidente que passou a viajar, antecipando sua campanha, e se descuidando da gestão do País, que levou o Brasil a uma situação de dificuldade. Pelo menos na área financeira, que é a mais sensível. O Brasil já não é o emergente que se imaginava. Começa a sofrer sérios problemas que, aliás, estão expostos. Por saber fazer a hora e não esperar por movimentações internas na legenda, Gabrielli ganhou visibilidade extra. Já a administração do estado enfrenta problemas com a economia, que não vai bem. Enquanto isso, Walter Pinheiro ocupou o seu espaço. Ele sempre soube que não é o candidato preferencial do governo, mas tem mantido a sua postura. Assim, o PT vai rodopiar para encontrar o nome para ser candidato à sucessão, deixando um rastro de inconformismo em diversos segmentos e nas tendências internas do próprio partido.


*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta terça-feira (29)

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