sábado, 30 de setembro de 2023

Associação de Moradores do Bairro Hernani Sá: Empossada a nova diretoria



Tomou posse terça-feira (01/06/2021), a nova direção da Associação de Moradores do Bairro Hernani Sá, para o mandato 2021-2024. Com o lema “Juntos com a comunidade”

Em seu discurso de despedida, o ex presidente Adilson Conceição enfatizou os desafios enfrentados e as conquistas da sua gestão. Já Jorge Tinga, ao assumir a presidência, afirmou que sua gestão pretende buscar o diálogo permanente com a comunidade, o que será possível, nestes tempos de isolamento social, através da dinamização das mídias sociais. “Há grandes desafios a enfrentar no bairro Hernâni Sá, por conta da decadência da sua inflaestrutura”. Destacou o novo presidente, Jorge Tinga.

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente – Jorge Tinga

Vice presidente – Paulo do Valle

1° secretário – Sergio Murilo

2° secretária – Maria do Carmo

1° tesoureiro – Edilson Matos

2° tesoureiro – Luis Fernando

Diretoria Social e Relações Públicas – Natalie Fernandez

Diretoria de Educação, Cultura, Lazer e Esportes – Luiz Marcelo e Cátia Maria

Diretor de Serviços Urbanos – Fabrício Nogueira

Diretor de Segurança – Paulo do Carmo

Departamento Jurídico – Mirla Augusta Moura

CONSELHO FISCAL:

Hailton Francisco

Antônio Alberto Nogueira

Luiz Henrique Pinheiro

José Santana Lopes

Maria Cristina Silva

ELEIÇÃO DO BAIRRO HERNÂNI SÁ



 No domingo (23/05/2021), foi eleita a nova diretoria da Associação de Moradores do Bairro Hernani Sá. A chapa: "Juntos com a Comunidade" foi eleita com aprovação de 100% dos 58 associados aptos a votar. Logo após o encerramento do processo de votação e apuração, o novo presidente da associação, Jorge Tinga, foi empossado para presidir a entidade no triênio 2021/2024.


 Chapa: "Juntos com a Comunidade"


 DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente - Jorge Tinga

Vice presidente - Paulo do Valle

1° secretário - Sergio Murilo

2° secretária - Maria do Carmo

1° tesoureiro - Edilson Matos

2° tesoureiro - Luis Fernando

Diretoria Social e Relações Públicas - Natalie Fernandez

Diretoria de Educação, Cultura, Lazer e Esportes - Luiz Marcelo e Cátia Maria

Diretor de Serviços Urbanos - Fabrício Nogueira

Diretor de Segurança - Paulo do Carmo

Departamento Jurídico - Mirla Augusta Moura

 CONSELHO FISCAL:

Hailton Francisco

Roque Bispo

Antônio Alberto Nogueira

Luiz Henrique Pinheiro

José Santana Lopes

Maria Cristina Silva

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Dilma: 'Nada nos fará recuar. Não direi adeus'

Em discurso na Alvorada após a cassação de seu mandato pelo Senado, Dilma afirma que as forças progressistas devem se unir e que governo Temer encontrará "a mais firme oposição que golpistas podem sofrer"
por Redação RBA publicado 31/08/2016 16:28
PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS
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Dilma Rousseff faz pronunciamento à imprensa no Palácio da Alvorada, após resultado da sessão do impeachment no Senado
São Paulo – A presidenta eleita Dilma Rousseff fez hoje (31) seu último discurso no Palácio da Alvorada. Mesmo após a derrota política no Senado, que aprovou a cassação de seu mandato por 61 votos a 20, o tom do discurso foi de esperança. “A descrença e a mágoa são péssimas conselheiras. Não desistam da luta. Eles pensam que venceram, mas estão enganados. Sei que vamos lutar. Haverá contra eles a mais firme oposição que um governo golpista pode sofrer”, disse. "É uma fraude contra a qual vamos recorrer em todas as instâncias", avisou.
Dilma reafirmou que seu vice, Michel Temer (PMDB), agora efetivado como chefe do Executivo, “não ascendeu ao poder pelo voto direto”, e que as forças que agora comandam o país “apropriaram-se do poder por meio de um golpe de estado, uma inequívoca eleição indireta, onde 61 senadores substituíram a vontade de 54 milhões de votos (…) E esse golpe não foi cometido apenas contra mim, este foi apenas o começo. O golpe vai atingir qualquer organização política progressista e democrática”, disse.
A presidenta eleita relembrou que este é o segundo golpe vivido por ela, sendo que o primeiro levou o país à ditadura civil militar (1964-1985). “O primeiro foi baseado na truculência das armas e me atingiu quando era uma jovem militante. Este segundo foi decretado por meio de uma farsa jurídica que me derruba da presidência (…) O projeto nacional progressista que represento está sendo interrompido por uma poderosa força reacionária com apoio de uma imprensa facciosa. Vão nos colocar nas mãos do imperialismo e do retrocesso social”, disse.
“Acabam de derrubar a primeira mulher presidenta, sem nenhuma justificativa para isso”, disse, engrossando o discurso de que o golpe possui características conservadoras preconceituosas. “O golpe é misógino, homofóbico e machista. Eles estão impondo a cultura da intolerância, do preconceito e da violência. Falo isso aos brasileiros que durante meu governo superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis aos olhos da nação”.

União e regresso

“As futuras gerações saberão que a primeira vez que uma mulher assumiu a presidência, o machismo mostrou suas veias. Mas nada nos fará recuar. Não direi adeus, e sim até daqui a pouco. Eu, a partir de agora, lutarei incansavelmente para continuar a construir um país melhor”, afirmou Dilma. Para ela, a interrupção do processo de inclusão, iniciada em 2003 com o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não é definitiva.
“Eu e Lula cantamos que ninguém deveria ter medo de ter esperança. Por mais de 13 anos realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história deste país. Não voltaremos para satisfazer nossos desejos ou vaidades. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo à um Brasil onde o povo é soberano”, continuou.
Para tal regresso, a presidenta eleita afirmou esperar que  a união dos movimentos progressistas. "Para juntos lutar contra o retrocesso, contra a extinção de direitos, contra a agenda conservadora, pelo estabelecimento pleno da democracia. Saio da presidência como entrei, sem ter traído o Brasil”, disse, acrescentando: “Tenho certeza que outros virão em um futuro com um papel baseado na eleição direta. Um carinhoso abraço ao povo brasileiro, a todos aqueles que compartilham a crença na democracia e na esperança”, concluiu Dilma.

Senado aprova impeachment e Dilma é afastada da presidência

Votação final apontou 61 votos pelo impeachment e 20 contrários.
por Redação RBA publicado 31/08/2016 14:38, última modificação 31/08/2016 16:13
GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO
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Placar final da votação que destituiu Dilma Rousseff definitivamente do cargo de Presidenta eleita da República
São Paulo – Por 61 a 20, o plenário do Senado decidiu hoje (31) pelo impeachment de Dilma Rousseff. Não houve abstenção. A posse de Temer ocorrerá ainda nesta quarta-feira. O resultado foi proclamado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, que comandou o julgamento do processo no Senado iniciado na quinta-feira (25).
Dilma fará uma declaração à imprensa ainda hoje. Senadores aliados da petista estão se dirigindo ao Palácio da Alvorada para acompanhar o pronunciamento da presidenta eleita.
O Senado também manteve, por 42 votos a 36, o direito de Dilma de ocupar cargos públicos. Foram registradas três abstenções. A votação deste quesito foi feita separadamente a pedido de senadores do PT, que apresentaram o requerimento logo no início do dia e que foi acatado por Lewandowski, mesmo sob protestos de aliados de Michel Temer.
Julgamento
Neste último dia da sessão que julgou o processo de afastamento da presidenta eleita, o ministro Ricardo Lewandowski leu um relatório resumido elencando provas e os principais argumentos apresentados ao longo do processo pela acusação e defesa. Quatro senadores escolhidos representado ambos os lados lados – Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pela defesa, e Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Ana Amélia (PP-RS), pela acusação – encaminharam a votação que ocorreu de forma nominal, em painel eletrônico.
Histórico
O processo de impeachment começou a tramitar no início de dezembro de 2015, quando o então presidente da Câmara dos Deputados e um dos maiores adversários políticos de Dilma, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou a peça apresentada pelos advogados Miguel Reale Jr., Janaína Paschoal e Hélio Bicudo.
No pedido, os três autores acusaram Dilma de ter cometido crime de responsabilidade fiscal e elencaram fatos de anos anteriores, mas o processo teve andamento apenas com as denúncias relativas a 2015. Na Câmara, a admissibilidade do processo foi aprovada em abril e enviado ao Senado, onde foi analisada por uma comissão especia, onde foi aprovado relatório do senador Antonio Anastasia (PMDB-MG) a favor do afastamento definitivo da presidenta.
Entre as acusações pelas quais Dilma foi julgada estão a edição de três decretos de crédito suplementares sem a autorização do Legislativo e as operações que ficaram conhecidas como pedaladas fiscais, que tratavam-se de atrasos no repasse de recursos do Tesouro aos bancos públicos responsáveis pelo pagamento de compromisso do Plano Safra.

sábado, 23 de abril de 2016

Como funcionam, ou deveriam funcionar, os três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.


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Palácio do Planalto, Palácio do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (Imagem: Pragmatismo Político)
Thiago Trung, Papo de Homem
Como advogado militante, tenho a impressão de que a administração pública enxerga o cidadão sempre como uma parte contrária, nunca como sua própria razão de ser.
Queria abrir um parênteses entre nós e me permitir sonhar um pouco. Já imaginou um partido político que não estivesse interessado em nenhuma outra forma de poder senão o exercício pleno do cargo legislativo? Um partido que não almejasse administrar o país, o Estado e os Municípios, mas simplesmente legislar e fiscalizar os atos do Poder Executivo?
Eu particularmente acredito muito nessa ideia.
Mas seja para criticar minha impressão sobre a administração pública enxergar o cidadão como parte contrária ou para sonhar com outras formas de se fazer política, precisamos antes entender como funcionam as coisas. Ou nos tornamos ativistas de sofá.
No primeiro texto da série “Para entender política“, tratei brevemente da separação dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Portanto, a noção geral você já tem: o Executivo administra, o Legislativo cria normas e o Judiciário julga conflitos.
Essa separação não é tão estanque, e, por vezes, o Legislativo julga e o Executivo legisla.
O propósito deste texto, o quarto da série, é avançar um pouco mais nesse assunto e esclarecer como este assunto também pode aprimorar sua opinião política.
Como funciona o Legislativo
O Brasil adota um processo legislativo bicameral, ou seja, ele se fraciona em duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, que, juntos, formam o Congresso Nacional.
A Constituição Federal nos diz que a Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, enquanto que o Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal.
Assim, não é bem verdade quando se diz que os todos os políticos nos representam, pelo menos do ponto de vista jurídico. Os Deputados Federais, que ocupam a Câmara dos Deputados, sim, representam os cidadãos. Já a função dos Senadores é de atuar em defesa dos Estados que os elegeram, e não diretamente em defesa da população.
Como já sabemos, a função primordial do Legislativo é produzir normas. Seria muito legal discutir o processo legislativo completo, mas talvez isso valha um texto exclusivo pois, além de longa, a discussão pressupõe conhecimento básico sobre a hierarquia das normas no ordenamento jurídico, o que ainda não incluí na série de textos Para entender política.
Por ora, fique com a ideia de que o processo legislativo difere para diferentes tipos de normas e pode envolver diferentes quóruns de aprovação, sessões de votação separadas ou conjuntas das casas e muitas comissões de análise e estudo das propostas.
A diferença entre as duas casas não é só de representação. Cada uma delas tem competências específicas, mas complementares. De novo, não cabe neste texto o detalhamento das competências de cada casa – se tiver curiosidade, dá uma olhada nos artigos 49, 51 e 52 da Constituição Federal e mata a curiosidade. O que eu quero fazer, mesmo, é chamar a atenção para uma informação um pouco menos óbvia e que normalmente passa despercebida: o Poder Legislativo possui poderes que vão muito além da produção de leis.
Além das atribuições legislativas, o Poder Legislativo tem atribuições de fiscalização, controle e julgamento.
Nelas estão incluídos os seguintes:
I – Poder de pedir informações de quaisquer órgãos subordinados à Presidência da República (sendo que se tal órgão desobedecer o pedido, isso pode ser considerado crime de responsabilidade);
II – Formação de comissões parlamentares de inquérito – as famosas CPI –, que possuem poderes de investigação iguais das autoridades judiciais;
III – Controle das contas da Presidência da República, com ajuda do Tribunal de Contas;
IV – Fiscalização e controle dos atos do Poder Executivo;
V – Julgamento de crimes de responsabilidade do Presidente da República, Ministros do Supremo Tribunal Federal, do Procurador-Geral da República e do Advogado-Geral da União (um crime de responsabilidade é aquele que atenta contra a Constituição Federal); e
VI – Aprovação do orçamento anual e planejamento plurianual, que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para investimentos e para a manutenção de programas de duração continuada.
Essas competências tão displicentemente ignoradas por nós evidenciam como estamos errados em superestimar o Presidente da República, pois ele deveria ser devidamente controlado pelo Poder Legislativo.
E como estamos ainda mais errados em subestimar o Poder Legislativo, pois ele é o Poder que pode de fato obrigar o Presidente da República a agir conforme o ordenamento nacional e, em última instância, conforme os interesses da população.
A existência desses poderes de fiscalização é o principal motivo pelo qual entendo que um Legislativo politicamente controlado pelo Executivo não pode dar coisa boa, pois, neste cenário, o Executivo, que já concentra uma enorme liberdade de ação, age com a certeza de que não terá suas decisões questionadas.
A compra de apoio político é tema dos mais relevantes em teoria política e ocorre nas mais diversas formas, como, por exemplo: coligações partidárias para obter maior tempo de televisão, loteamento de cargos públicos de primeiro e segundo escalão, promessa de obras em nichos eleitorais específicos e, até mesmo, dinheiro vivo.
Honestamente, não vejo muita diferença entre vender apoio político em troca de cargo na administração pública ou de dinheiro – ambas são deturpações da função política do Poder Legislativo e evidenciam como os políticos se apropriam do cargo e o usam em benefício próprio ou do partido.
Apenas para finalizar as considerações básicas sobre o Legislativo, o sistema bicameral normalmente é criticado por ser um modelo pouco favorável a reformas. Isso porque o veto a uma mudança legislativa, ou mesmo a postergação de sua análise para um futuro incerto, é politicamente mais fácil no Senado (pois há menos pessoas envolvidas), do que na Câmara dos Deputados (um ambiente com mais agentes políticos). Se houvesse somente uma casa legislativa, numerosa, esse manejo político seria um pouco mais trabalhoso.
Seguindo, como funciona o Executivo
Finalizado o Poder Legislativo, passemos para o Poder Executivo, que é exercido pelo Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
No nosso sistema presidencialista, a Presidência acumula funções de chefia de Estado, relacionadas principalmente a relações internacionais, e de chefia de governo, referentes a questões internas.
É este o Poder que determina onde serão investidos os recursos do país, separa quais áreas serão priorizadas, desenvolve e aplica políticas públicas e executa as leis criadas pelo Poder Legislativo. Pela sua própria natureza, o Poder Executivo possui bastante discricionariedade – forma de agir onde não há no agente qualquer restrição ou limite – em suas atividades, motivo pelo qual seria saudável sua constante fiscalização por parte do Legislativo e do Judiciário.
Diante de tamanha liberdade de ação, perceba como é importante fazer a escolha do chefe do Poder Executivo com base nos programas de governo que os candidatos divulgam, pois, em tese, eles representam a visão que o político tem para o país. Você pode até simpatizar mais com um candidato do que com outro, mas, afora a simpatia, você compartilha de sua visão de país?
Antes disso: você já refletiu sobre suas próprias preferências políticas?
Você pode escolher, por exemplo, dar mais relevância à economia, às relações internacionais, à desigualdade social, aos direitos humanos ou ao meio ambiente, e então escolher o candidato que mais se alinha com suas preferências.
Quando estiver refletindo sobre suas preferências políticas, seja realista: os recursos do país são finitos e não dão conta de tratar de todos os temas de forma satisfatória, por isso preferências devem ser escolhidas. Se você defende a redução de impostos, saiba que isso afetará a qualidade dos serviços públicos; se você almeja a redução da inflação, saiba que isso reduz o crescimento e pode aumentar o desemprego.
Discutir política de forma madura é adotar posições e suportar prós e contras (aliás, não seria maturidade a capacidade de realizar escolhas conscientes e bancar suas consequências?). Defender educação em período integral, saúde de primeiro mundo, redução da inflação, crescimento econômico de dois dígitos, diminuição dos tributos e fim da desigualdade social, assim, tudo junto, não dá. Ninguém disse que é fácil, mas, para você se definir politicamente, você precisa fazer escolhas e ter preferências.
Sinceramente, o Poder Executivo é menos interessante para mim, pois se apresenta como um grande administrador (e, lembrem-se, eu sou jurista; para os politólogos, a coisa é diferente).
Como cidadão, procuro me inteirar sobre quais políticas estão sendo executadas, quais as prioridades de investimento e quais os rumos que o Presidente aponta para o país, tentando fazer uma constante avaliação de acordo com a minha escala de preferências. Mas isso sou eu, e estou aberto a sugestões.
Por fim, como é o Judiciário
No esforço de tratar da separação dos Poderes de forma sucinta, passemos já para o Poder Judiciário, cuja principal função é resolver conflitos de interesse nos casos concretos, com base no ordenamento jurídico.
Assim, quando houver divergência sobre quem está errado e quem está certo, o Judiciário deve ser acionado e a ele cabe resolver a pendenga. O que ele decidiu, está decidido, e pronto.
O julgamento de um conflito por uma parte imparcial é um importante meio de pacificação social, pois evita que a discussão sobre determinado assunto se perdure infinitamente no tempo e impõe um fim, com uma solução que deve ser considerada correta.
O Judiciário tem diversos órgãos com diferentes competências, conhecidos por um monte de siglas. Vou quebrar seu galho e fazer um resumão para que você não se sinta muito perdido lendo o caderno de política:
I – STF, ou Supremo Tribunal Federal, que é a cúpula do Poder Judiciário e tem como objetivo primordial a defesa da Constituição Federal e da Federação.
II – STJ, ou Superior Tribunal de Justiça, cuja principal função é proteger aincolumidade das leis federais;
III – TST, ou Tribunal Superior do Trabalho, que é a última instância para julgamentos referentes a relações de trabalho;
IV – TSE, ou Tribunal Superior Eleitoral, que julga conflitos referentes ao direito político-eleitoral; e
V – Superior Tribunal Militar, que se ocupa dos crimes militares.
Esses são os órgãos de cúpula, ou seja, as últimas instâncias de decisão sobre os respectivos assuntos.
Eles também têm competências específicas para julgar ocupantes de determinados cargos políticos que, por sua relevância, não seguem o caminho normal do processo. Assim, por exemplo, o STF deve julgar os crimes do Presidente da República (lembrando que os crimes de responsabilidades são julgados pelo Legislativo), dos membros do Congresso Nacional e seus próprios ministros, enquanto que o STJ julga os crimes comuns dos Governadores.
O Poder Judiciário, seguindo a lógica do Federalismo, também se divide em Federal, para os assuntos que envolvem interesses nacionais, e em Estadual, para aqueles temas de impacto local. Por isso há os Tribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça, estes últimos em âmbito estadual. A divisão não é exatamente assim, mas essa é a ideia geral que eu gostaria que você levasse deste texto.
O Judiciário é um excelente instrumento político a ser utilizado pelo cidadão. Isso porque, se você sofrer restrição ilegal de seus direitos por parte da administração pública, por exemplo, você pode ingressar no Judiciário para que ele a force a cumprir a lei. Acredite, a administração pública, em todos os níveis federativos, adota ordinariamente procedimentos que ilegalmente afetam os direitos dos cidadãos, e você precisa lutar contra isso.
Cobrança de tributos de pessoas erradas, retenção de informação pessoal do cidadão, concessão de benefícios previdenciários em desacordo com a legislação vigente, é tanta coisa que até inventaram o “mandado de segurança”, que é uma ação especial contra atos ilegais de autoridades.
E embora seja o saco predileto de pancadas do Judiciário, não é só contra o Executivo que o Judiciário pode atuar. Se o Legislativo fizer corpo mole e deixar de legislar sobre determinado assunto, deixando-o sem regulamentação em detrimento dos direitos do cidadão, ele pode ordenar-lhe que tome providências. É importante notar, porém, que o Judiciário nunca age por si: ele precisa ser provocado por alguém para poder tomar uma decisão.
E embora seja o saco predileto de pancadas do Judiciário, não é só contra o Executivo que o Judiciário pode atuar. Se o Legislativo fizer corpo mole e deixar de legislar sobre determinado assunto, deixando-o sem regulamentação em detrimento dos direitos do cidadão, ele pode conceder direitos aos indivíduos mesmo sem a regulamentação do Legislativo. É importante notar, porém, que o Judiciário nunca age por si: ele precisa ser provocado por alguém para poder tomar uma decisão.
Enfim, eu, sendo advogado atuante, tenho um monte – sério, um MONTE – de considerações sobre o sistema judiciário brasileiro que, assim como outros tantos temas, ficarão para depois, mas espero que essas noções básicas ajudem a clarear um pouco as coisas.

Senadores começam a discutir detalhes de comissão do impeachment

Bancadas realizarão vários encontros até amanhã, mas há forte tendência de que nem PT, nem PMDB ou PP indiquem nomes para a presidência e relatoria, por serem considerados “parciais”
por Hylda Cavalcanti, da RBA publicado 18/04/2016 19:24, última modificação 18/04/2016 19:25
JEFFERSON RUDY/ AGÊNCIA SENADO
humberto.jpg
Costa: 'Esperamos e faremos tudo para que a votação, nesta etapa, seja mais ponderada'
Brasília – Parlamentares da base aliada e da oposição se articulam para a formação da comissão do impeachment no Senado, após a aprovação do processo na Câmara dos Deputados, ontem (18). Se tudo acontecer como o previsto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se comprometeu a ler amanhã o relatório e a ata com o resultado da sessão da Câmara, entregue esta tarde pelo presidente daquela Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A partir daí, o Senado tem 48 horas para instalar a comissão especial.
Isso não quer dizer que o processo tramitará rapidamente. Em meio ao feriado de Tiradentes, na próxima quinta-feira (21), e ao cumprimento de todos os ritos e trâmites devidos, deputados e senadores trabalham com dois prazos para votação do impeachment nesta próxima etapa: o início de maio, considerado muito rápido, e o início de junho. Se o rito seguir no ritmo normal, como Renan disse que faria, pode demorar bem mais do que esperam os oposicionistas.
E se forem acolhidos procedimentos protelatórios a serem apresentados pelos governistas, analistas legislativos preveem que o processo pode chegar a até seis meses. A avaliação de políticos de diversos partidos é que não acontecerá nem uma coisa nem outra. Renan tem dois encontros ainda hoje: com a presidenta Dilma Rousseff e com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para discutir sobre o processo. Ele afirmou que não vai estragar sua biografia antecipando ou protelando qualquer procedimento.
Já senadores da base aliada disseram que não querem que tudo aconteça de forma tão açodada – como criticaram no caso da Câmara –, nem que o processo no Senado dure o que chamaram de “período interminável”. “Esperamos e faremos tudo para que a votação, nesta etapa, seja mais ponderada. O Senado tem outro perfil e pretendemos trabalhar de uma forma equilibrada”, afirmou o líder do governo na Casa, Humberto Costa (PE).

Indefinições

Apesar disso, os senadores começaram a discutir a formação da comissão. Ao todo, o colegiado deverá ter 21 titulares e 21 suplentes, indicados pelas lideranças partidárias. Senadores que saíram de seus partidos nos últimos meses e ainda não se decidiram por uma nova sigla não terão direito a assento.
Duas preocupações discutidas esta manhã dizem respeito à participação do PMDB e do PP. Senadores destacaram que, por se tratar do partido do vice-presidente, Michel Temer, o PMDB não deverá mais ter um integrante na presidência, nem na relatoria. Uma alternativa sugerida para a relatoria, Ana Amélia (PP-RS), também foi considerada “suspeita” para receber a missão, uma vez que seu partido fechou questão contra o afastamento da presidenta. Até a semana passada, eram cotados para assumir relatoria e presidência da comissão os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

‘Parcialidade’

"Não podemos aceitar isso. A senadora Ana Amélia seria uma relatora nitidamente parcial, porque já afirmou qual é o seu voto há muito tempo”, reclamou Lindbergh Farias (PT-RJ). “Não vamos indicar um senador do PT para o posto, mas também não vamos ficar de fora desse processo”, acrescentou Humberto Costa.
Coube a Jorge Viana (PT-AC) atuar como uma espécie de “bombeiro”: ele destacou que a comissão ainda nem teve indicação para ser instalada e discutir o assunto hoje, ainda sob calor da votação na Câmara, é “precipitado”. “Vamos avaliar com calma tudo isso a partir dos próximos dias, para escolher uma comissão com todos os representantes desta Casa e com legitimidade suficiente para o desenvolvimento de um bom trabalho”, acentuou.
O senador também aproveitou para destacar a participação do Senado no processo. Ele repetiu as palavras de Humberto Costa e disse que espera na Casa o cumprimento da matéria, “no rito correto, sem os atropelos que vimos na Câmara”.

'Câmara dos Deputados é pouco representativa da população', diz Frente Brasil Popular

Para Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares, afirmação de que Congresso é reflexo da sociedade não se sustenta, "pois muitos eleitos não foram escolhidos pela maior parte dos eleitores"
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 18/04/2016 17:16, última modificação 18/04/2016 18:31
LUIS MACEDO/CÂMARA DOS DEPUTADOS
parlamento
A proporção de negros, mulheres e empresários na Câmara é desconexa da realidade vista na sociedade
São Paulo – Dos 513 deputados federais brasileiros eleitos em 2014, apenas 36 se elegeram atingindo o quociente eleitoral, que é o número de votos equivalente a uma cadeira no parlamento para cada estado. Todos os outros 477 deputados foram “puxados” por candidatos com votações mais expressivas e em alguns estados nenhum candidato atingiu o quociente. Para o coordenador estadual da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, a situação afeta a representatividade. “Precisamos fazer uma reforma política. Além de haver a distorção por conta do financiamento de empresas, também há por conta da proporcionalidade. A representação é muito frágil”, afirmou.
Essa diferença aparece na composição da Câmara. As mulheres são 51% da população brasileira, mas ocupam só 10% do Parlamento. Apenas 20% dos deputados federais são negros, enquanto entre a população são mais de 50%. Já os empresários ocupam pouco mais de 40% e os ruralistas, outros 30%. O que deixa o empresariado do campo e da cidade com 70% das cadeiras da Câmara.
“Precisamos de uma reforma política profunda, por meio de uma assembleia nacional constituinte. Porque imagina esse Congresso votando uma reforma política. Eles falam somente em nome dos empresários que financiaram as campanhas deles e não do povo que os elegeu”, afirmou Bonfim. Para ele, a afirmação de que a composição do Congresso é o reflexo da sociedade não se sustenta, “pois muitos eleitos não foram escolhidos pela maior parte dos eleitores”.
O problema é que as pessoas votam em alguns, mas elegem outros. Muitas vezes sem nem saber quem será eleito. Situação que fica mais complicada quando os partidos realizam coligações, pois os votos da coligação valem para todos que dela participarem. E partidos que algumas vezes têm ideais políticas antagônicos, se unem para aumentar a proporção de votos recebidos.
“Enquanto os partidos fizerem esse tipo de coligação sem compromisso programático ou ideológico, vai levar a essa miscelânea aí no Congresso. Poderíamos ter um parlamento muito mais autêntico, muito mais representativo da população”, afirmou o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, que considera a legislatura atual o Congresso “mais conservador no período pós-1964”.
O deputado federal Celso Russomano (PRB-SP), por exemplo, teve 1,52 milhão de votos na eleição de 2014. E levou junto com ele o também deputado Fausto Pinato (PRB/SP), que teve 22 mil votos. O quociente eleitoral de São Paulo naquele pleito foi de 299 mil votos. Pinato teve menos de 10% dos votos base do quociente eleitoral e apenas 1,4% dos votos de Russomano. Além de ter tido menos votos que outros 156 candidatos.
A quantidade de votos recebidas por Russomano expõe outra característica da distorção do voto proporcional: a escolha de nomes fortes para atrair votos. Dentre os 36 eleitos por voto próprio há artistas e apresentadores de TV, como Tiririca (PR) e Russomano, pastores evangélicos, policiais e parentes de políticos que mantêm o nome da família, como Arthur Virgílio Bisneto e Bruno Covas (ambos do PSDB).
No Congresso, há algumas propostas que alteram o sistema proporcional. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352, de 2013, estabelece uma cláusula de desempenho para candidatos, exigindo que tenham recebido votos equivalentes a, pelo menos, 10% do quociente eleitoral para ser eleito. A proposta aguarda apreciação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ).
Já o Projeto de Lei (PL) 6316, de 2013, apresentado pela sociedade civil, prevê dois turnos de eleição para deputados. No primeiro, as pessoas votariam no partido. O que definiria o número de cadeiras a que teria direito cada legenda. No segundo turno, os cidadãos voltariam às urnas para escolher os candidatos que ocupariam os assentos no Legislativo.
O PL 1485, de 2011, propõe que sejam desconsiderados os votos recebidos por um candidato acima do quociente eleitoral. A ideia é que isso limitaria a capacidade dos “puxadores de votos” de eleger outros candidatos da mesma coligação. A proposta está esperando votação na CCJ há três anos.
Outra proposta que surgiu recentemente, já no processo de discussões sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, aceito ontem (17) pela Câmara, é que o Brasil passe ao sistema parlamentarista. Nesse caso, o povo elegeria os deputados e esses elegeriam o primeiro-ministro, que seria o chefe de governo.
Para o coordenador da Frente Brasil Popular, essa proposta seria mais um retrocesso. “Parlamentarismo é outro golpe para diminuir o poder do voto do povo. Fazer isso sem uma reforma política só vai dar mais poder para quem já controla o Congresso. Isso teria de ser decidido em um plebiscito, após a reforma política”, afirmou Bonfim.