Ambulâncias tiveram dificuldade de se aproximar da Assembleia Legislativa para socorrer feridos. 'Professores estão sendo massacrados', diz sindicato. Vinte e cinco soldados foram intoxicados
por Redação RBA publicado 29/04/2015 17:01, última modificação 29/04/2015 17:58
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Feridos procuram refúgio na prefeitura de Curitiba. “Parece uma praça de guerra”, publicou no Twitter o prefeito Gustavo Fruet
Curitiba – Mais de cem pessoas ficaram feridas em cerca de uma hora e meia de repressão da polícia do governador tucano Beto Richa a servidores que protestam desde o início da semana contra um projeto de lei que altera as regras de custeio da Paraná Previdência, no Centro Cívico, em frente à Assembleia Legislativa. O projeto promove perdas em direitos previdenciários do funcionalismo a pretexto de socorrer as finanças do estado. Os professores, em greve, estão acampados desde segunda-feira (27) no local.
Ambulâncias tiveram dificuldade de se aproximar para socorrer os feridos, uma vez que a Tropa de Choque da Polícia Militar fez um cordão para isolar o prédio da Assembleia e lançou bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e jatos de água.
A maioria das vítimas era composta de manifestantes: 107. Havia entre os feridos idosos, crianças e deficientes. Uma senhora que se apoiava nas grades do prédio da Assembleia foi alvejada à queima-roupa por um disparo de bala de borracha no meio das costas enquanto a polícia avançava contra os manifestantes.
O deputado Rasca Rodrigues (PV) e um repórter foram mordidos por um cachorro da PM. Entre as forças de repressão, 25 soldados intoxicaram-se com o gás lacrimogêneo lançado por seus colegas.
O governo Richa é acusado pela oposição, que tenta protelar a votação, de promover ação "truculenta", ao enviar policiais militares para cercar a Assembleia Legislativa. “São trabalhadores organizados fazendo uma mobilização não para conquistar direitos, mas para não perdê-los. O governo não tem diálogo nenhum com o setor público e ainda por cima manda colocar a polícia", disse o deputado estadual Enio Verri (PT).
Os feridos procuraram refúgio na prefeitura de Curitiba. “Parece uma praça de guerra”, publicou no Twitter o prefeito Gustavo Fruet (PDT). No prédio do Executivo municipal, a menos de 100 metros da Assembleia, servidores foram obrigados a deixar seus postos de trabalho por causa do gás lacrimogêneo. A todo tempo servidores apelavam para que a polícia parasse de atirar. “Os professores estão sendo massacrados”, denunciou o presidente do sindicato da categoria, Hermes Leão.
A maioria dos deputados deixou o plenário, mas o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), recusou-se a parar a sessão, que já tem os votos favoráveis de 31 dos 54 deputados estaduais.
Enquanto deputados governistas falavam na ação de supostos black blocs, o deputado Nereu Ramos (PMDB) ironizou: "São black blocs armados de giz e avental". O também peemedebista Requião Filho foi mais realista: "Nós, como poder, deveríamos nos envergonhar do que aconteceu aqui hoje".
Pouco antes do início da sessão, os senadores Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT) reuniram-se com lideres do governo e da oposição para pedir que os deputados esperassem ao menos um parecer do Ministério da Previdência solicitado pelo próprio governador antes de seguirem com a votação, o que não demoraria mais do que alguns dias.
Gleisi advertiu que um eventual parecer negativo pode impedir o Paraná de ter acesso a repasses voluntários da União e inviabilizar uma certidão que garantiria ao estado acesso a empréstimos. A base governista optou por seguir com a pauta apesar dos protestos e da advertência de Gleisi. "Por que a pressa?" questionou o deputado Anibelli Neto (PMDB). "Porque esse governo quebrou o estado", respondeu ele mesmo.
O projeto de lei em votação na Assembleia Legislativa foi encaminhado pelo Executivo para alterar a previdência estadual. O governo paranaense quer tirar 33 mil aposentados com mais de 73 anos do Fundo Financeiro, sustentado pelo Tesouro estadual e que está deficitário, e transferi-los para o Fundo de Previdência estadual, pago pelos servidores e pelo governo, que está superavitário.
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